São 7h30 da manhã aqui na cidade de Edmonton (Alberta-Canadá) e a temperatura lá fora é de 7 graus negativos. Como sou uma amazonense pouco acostumada a sentir frio nos pés e nas mãos, tratei de preparar um cafezinho com leite antes de me sentar à frente do computador. Aliás, pra mim o dia só começa bem com um café quentinho. E para nós, mulheres, ele costuma ser indispensável nos bate-papos entre amigas. Por falar nisso, outro dia conversava com uma amiga brasileira e ela me contava suas estratégias pra sobreviver ao “café aguado” durante suas viagens pela América do Norte (uma das estratégias dela é andar com café solúvel do Starbucks na bolsa e adicionar o pó mágico quando oferecem café fraco. Haha).
De fato, nas cafeterias dos Estados Unidos, do Canadá e de vários países do mundo você não beberá um café como o tupiniquim. Forte como a nossa cultura, o café brasileiro é um símbolo de um passado próspero do País e nos proporcionou um boom econômico no chamado “ciclo do café”, principalmente entre a segunda metade do século XVIII até 1929. No entanto, o produto continua vivo no presente, não só pelo fato de o Brasil ser ainda o maior produtor e exportador do item. A maioria das famílias começa o dia com café e pão sobre a mesa. Pais e filhos “esbarram-se” no início da manhã já na ânsia de fazer a refeição e sair às pressas rumo ao trabalho, escola, faculdade. E nessa marcha veloz, a verdade é que pouco degustamos, de fato, o sabor especial do nosso cafezinho, o cheiro do pão quente com manteiga (amo!) e aproveitamos mal as companhias preciosas que temos.
Não paramos pra olhar nos olhos, dar um abraço apertado e iniciar mais uma jornada com um “bom dia”; carinhoso. Em muitas ocasiões, deglutimos um pedaço atrás do outro em pé mesmo ou embrulhamos algo para engolir no trânsito. No frigir dos ovos, sob o excesso de pressão e ansiedade que aceitamos carregar nos pensamentos, esquecemos que minutos com a família são presentes. São como pamonhas, tapiocas ou sanduíches premium que você precisa desembrulhar na hora, enquanto estão quentes, e saborear cada pedaço paulatinamente. Porque quando você se dá conta eles já passaram. Todos da família já adquiriram outras idades e rotinas e você não pode assistir novamente a esses momentos, a exemplo do que fazemos com os episódios das séries do Netflix que nos fazem perder o essencial.
Sabe, cada jornada de 24 horas pode ser vivenciada de dois modos, assim como a primeira refeição do dia: uma delícia aprazível ou apenas engolida; um sabor degustado ou só empurrado pra dentro; um tesouro procurado com todas as forças ou negligenciado. Cabe a nós temperar o começo do dia com generosas colheradas de gratidão, fatias gordas de alegria e porções extras de louvor a Deus. Ele já nos deu todos os ingredientes necessários pra que o tempo que se chama hoje seja saboreado com prazer. E não comece a lembrar de suas preocupações enquanto lê essas linhas.
Concentre-se comigo na bondade, na fidelidade e no grande amor que Deus demonstra a você nas pequenas e nas grandes situações de sua vida e de sua família. Lembre-se do ar nos pulmões, do raiar do sol, da beleza das flores e do passarinho que cantou nesta manhã; dos inúmeros livramentos diários; do “pão nosso de cada dia” que está em sua cozinha agora, ao lado da garrafa de café. Basta olhar ao redor para perceber que temos litros de sobra para agradecer ao Criador, adorá-Lo pelo que Ele é e servir ao nosso próximo com o melhor de nossas mãos.
Que em nossas manhãs sejamos gratas ao melhor Agricultor de todos os tempos, Àquele que criou cada tipo de grão com toda a habilidade e nos deu a oportunidade de viver e conviver em uma grande “comunidade de grãos”. Há diferentes espécies de matéria-prima e por isso mesmo precisamos descobri-las e aprender com as propriedades e os sabores de cada uma. Que neste dia aproveitemos ao máximo os encontros com aqueles que amamos. Porque são únicos, assim como o cafezinho brasileiro. E por falar nisso, vou concluir aqui nossa conversa antes que o meu solúvel com leite esfrie (quem não tem cão, caça com gato, né?!). Um gostoso começo de dia pra você. Até o próximo encontro 🙂
Fotografia: Unsplash
Excelente texto!! Deus nos dá o tempo para não perder tempo com o que não é essencial.
(O café com banana frita também é imperdível! 😆)
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Amem, Paty. “Deus nos dá o tempo para não perder tempo com o que não é essencial”. E café com banana frita é sensacional mesmo.
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Muito lindo e singelo. Sou suspeita porque sou fã da Pri. Por aqui, os cafés da manhã são bem agitados. Três crianças pedindo as coisas… ou quando estão na escola o pitôco de 1 ano e 8 meses faz a coisa acontecer… Aliás ele vale pelos 3 juntos. hehehe… Muito legal pensar sobre a gratidão. Eu acho que é um aspecto essencial pra quem se diz cristão. E a gratidão ajuda em outras coisas, como a alegria… Se sou grato, não tem como não ser alegre… Enfim… gratidão é sim, um ótimo tempero pro café da manhã e pra todas as outras refeições!
:*
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Fico imaginando o café da manhã na sua casa, Mical. A monotonia deve passar longe. Haha. Mas acredito que a convivência que você teve com 3 irmãos te ajudou um pouco na preparação, né? Espero que o seu Nescau seja do mesmo naipe daquele que a tia Lena faz (delicioso!). Um dia cheio de gratidão e alegria pra nozes!
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Muito bom Pri! Sou sua fã e esperei muito por esse blog! Sucesso sempre.
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Que bom que gostaste, Nilce! Obrigada por ler, querida. Um grande bj!
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