A sala de espera

E quando eu percebi já estava colocando os pés pelas mãos… tudo porque eu não soube esperar! Vivi tantas vezes isto, claro que na minha adolescência e juventude muito mais. Por não saber esperar errei tanto e erro ainda!

Às vezes até penso que eu já aprendi esta lição, mas vire e mexe estou errando na mesma questão: impaciência. São tantas situações que passei que é difícil escolher uma para dividir aqui, mas vou contar a que estou vivendo agora enquanto escrevo este texto.

Cheguei exatamente as 12h11, peguei uma das primeiras senhas. Sentei feliz e confiante de que a minha espera seria pequena, mas o tempo foi passando. Mais ou menos duas horas e meia ali e nada de ser chamada. Cada vez que eu olhava o relógio tinha a impressão de que alguém dera uma “acelerada” nele. Respondi mensagens, resolvi algumas coisas em ligação, brinquei, conversei, li, olhei fotos… e nada mudou!

Comecei a ficar irritada e ansiosa, afinal eu tenho tantas outras coisas pra fazer! Reclamei, pois já estava com fome, sem criatividade para entreter meus filhos… bom na verdade para me entreter, pois eles estão aqui brincando e sendo pacientes! A minha filha entregando folhetos evangelísticos! Eles estão bem! Eu não! Sou eu que estou inquieta, cansada e irritada.

Foi então que tirei os olhos do meu umbigo e olhei ao meu redor: uma mãe segurando seu bebê e escorando sua cabeça na parede e dormindo, outra empurrando sua filha na cadeira de rodas mostrando as crianças brincando… ah! e por falar em crianças, aqui está cheio delas, algumas felizes, correndo pra lá e pra cá, outras brincando, com algumas dificuldades, e algumas só olhando pois são impossibilitadas! Olho e vejo tantas pessoas com suas blusas de frio e sacolas, provavelmente estão aqui desde madrugada pois agora está bem quente! Uma mãe segurando seu filho conversa com o médico e diz que espera o tempo que for mas ele precisa ser atendido! Passando os olhos em cada um, vejo quantas crianças com problemas diversos. Estamos na Pediatria da UNICAMP, um centro de referência nacional, onde podemos ver casos tão diferentes, tão tristes.

Depois de olhar ao redor e enxergar tudo que já relatei, comecei a lembrar de como era vir aqui a cada quinze dias, depois a cada mês até chegar a espaços de seis meses. E já fazem mais ou menos três anos que trazemos nosso filho. Conseguir uma vaga foi obra Divina! Quantos dias passamos vindo nesse lugar com nosso pequeno sofrendo e sem saber o que seria da saúde dele. Muitas vezes eu nem via o tempo passar, era confortador saber que estávamos em um lugar que podia ajudá-lo.

Inúmeras vezes Deus falou comigo aqui nessa mesma sala de espera, quando vinha temerosa, apreensiva e insegura.

Depois que reparei à minha volta e recordei esses momentos, meus olhos se encheram de lágrimas e aquele tempo que parecia perdido não pesava mais. A gratidão invadiu meu coração e pedi que Deus me ajudasse a ser paciente. Especialmente agora que meu filho está saudável e provavelmente esta seria a última consulta! Como eu poderia ser tão egoísta? Talvez eu demore para vir aqui novamente, ou nem venha mais, encerrando assim mais um ciclo na vida da minha família, pois meu menino está curado de mais um de vários problemas!

Enquanto reclamava, perdi a oportunidade de estar orando por cada um a minha volta, sorrindo para as crianças e mostrando amor, não só meu, mas o Amor maior que é Jesus!

A questão é que esperar é difícil, mas podemos sempre olhar por outra perspectiva! 

O que mais uma vez aprendi nessa tarde de quatro horas e meia, sentada esperando, é que posso tirar os olhos de mim e olhar ao meu redor, aproveitar as oportunidades e me aquietar enquanto aguardo com alegria e sem reclamar! Afinal, são tantas as coisas que podemos viver e aprender no tempo que nos encontramos numa sala de espera! 

 

Fotografia: Daniel James Templeton

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