Escrevi a série de posts sobre boa vizinhança justamente na semana em que uma vizinha reclamou, no grupo do condomínio, de barulho de cachorro, insinuando que nossos cachorros eram os causadores. Estranhamos bastante pois esse não é o comportamento típico deles e ficamos aflitos, mas depois, quando conversamos com outros vizinhos do andar, descobrimos que as insinuações foram endereçadas a nós mas que os cachorros barulhentos não eram os nossos. Ufa, ficamos aliviados! O alívio, porém, durou pouco: na semana seguinte, a mesma vizinha denunciou uma obra que estava sendo feita em nosso apartamento. Em contato com a síndica, reforçamos que toda a documentação tinha sido previamente enviada, as comunicações foram feitas corretamente e o horário de barulho também estava sendo respeitado. Não suporto obra, mas quando o piso do banheiro quebra não existe outra alternativa! Para mim é claro: a vida em condomínio exige bom senso e o cumprimento das normas e eu que não ia dar mau testemunho desobedecendo um princípio tão simples para uma convivência harmônica. Fiquei em dúvida se compartilharia ou não essa experiência com a tal vizinha – uma “estranha” coincidência – mas isso tudo só serviu para reforçar o que tenho aprendido ao longo desses anos morando em condomínio.
Se analisar essa situação friamente – e deixar de lado o fato de que sou cristã – então, o texto acaba agora e vamos, eu e você, cada uma pro seu canto cuidar da vida. Mas não posso esquecer da fé que professo e do que ensina a Bíblia, minha regra de fé e prática: “amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo” (Lucas 10:27). Se houvesse outra alternativa, eu poderia apenas amar os vizinhos do 22 ou do 61. Também poderia amar a vizinha do outro bloco – sempre é mais fácil amar aqueles com quem a gente não convive (os defeitos todos desaparecem, só vemos as qualidades!). Ou poderia amar somente os vizinhos que têm cachorro – aí seria moleza! Mas não é isso que Jesus me ensinou. Então eu devo agir com amor para com a vizinha que reclamou dos meus cachorros e denunciou a minha obra. Parece difícil? Acredite em mim, é! Mas o Espírito Santo de Deus surpreendentemente nos move quando, nas madrugadas, ouvimos que a família deles está acordada porque sua filhinha chora, doente, e muitas vezes oramos por cura e bênção sobre a casa deles.
Muitos cristãos podem entender equivocadamente que devemos ser bons vizinhos unicamente com a finalidade de compartilhar o Evangelho e trazer pessoas para Cristo. De fato, uma convivência harmoniosa e feliz nos ajudará a construir relacionamentos sólidos e profundos com aqueles que moram ao nosso redor e o Evangelho é pregado mais facilmente entre pessoas que gozam de confiança uma na outra. Só que sermos bons vizinhos não implica somente a evangelização, mas também em darmos bom testemunho da nossa fé diante dos que gostam e também dos que não gostam de nós. Além disso, amar ao próximo significa que devemos agir com amor para com todos, inclusive o vizinho que somente fala “bom dia” no corredor e que nunca vai nos dar a chance de uma conversa mais profunda do que “como demora esse elevador, não?”.
Essas são algumas das lições que Deus tem me ensinado na vida em condomínio. Talvez você viva em casa. Talvez você viva numa aldeia indígena. Talvez você viva numa mansão e veja seus vizinhos apenas no clube. Não importa: Deus nos dá a oportunidade de abençoarmos pessoas que vivem perto de nós e, surpreendemente, de sermos abençoados por essas pessoas também. Afinal, levar um vizinho a Cristo e poder chamá-lo de irmão na fé é maravilhoso, mas recebê-lo para uma pizza no sábado à noite também tem os seus encantos!
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Difícil né, Cíntia, amar o vizinhos chatos, mas ainda bem que Cristo nos dá Graça para isso!
Gostei demais da leveza do seu texto!
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Amar só os vizinhos legais e os que não arrumam encrenca no condomínio não combina muito com o caminho da “porta estreita” né?! Hahaha um beijo!
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Foi muito bom você pontuar que não escolhemos a qual “próximo” vamos amar…
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Oi Tainise, se eu pudesse escolher quais “próximos” para amar então ia ser o “clube dos amados da Cíntia”. A Bíblia não dá nem margem pra agirmos assim, né?! Um beijo!
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