O que é ser mãe? Bom, eu não tenho nenhuma credibilidade (ainda) para responder essa pergunta. Não pelo ponto de vista de uma mãe, mas posso responder como filha, afinal sou filha da minha mãe já fazem 20 anos. Eu sei bem quem minha mãe foi e é para mim.
Quem teve e tem o privilégio de conhecer a Maria do Carmo – ou como ela mesma se intitula Maria Bonita – que por acaso é a minha mãe, sempre comenta ao saber do nosso parentesco que eu sou a cara dela. Além disso, por obra Divina, dividimos não só a fisionomia parecida, mas também a personalidade.
Desde pequena eu tenho muitas lembranças de momentos que passamos só nós duas, do tempo que meu pai estudava e trabalhava, e antes do meu irmão nascer. Dessa época o que é mais nítido na minha memória é ela me acordando, quando eu devia ter uns três anos, me perguntando se eu queria tomar leite com Toddy no colinho da mamãe (detalhe histórico muito importante: era sempre Nescau, mas é menos poético do que o concorrente). O que se tornou uma frase icônica entres nós, e que posteriormente seria usurpada pelo meu irmão. Por alguns anos que se seguiram eu, literalmente, tomei leite com Toddy no colo da minha mãe. Quando não dava mais pra ficar no colo dela, passei a tomar café com leite de manhã.
Feita a introdução ao meu relacionamento com minha mãe, seguimos adiante para quando tinha meus muitos 7 anos, e já achava que tinha uns 24. Tive uma adolescência precoce, assumindo a forma de uma rebelde sem causa, agia como se já soubesse de tudo, discutia, batia porta e daí ladeira abaixo. E adivinhem quem, na minha pequena cabeça, era a grande vilã e a culpada por tudo, inclusive por não me deixar ir de batom e tamanco das meninas super poderosas para escola? Isso mesmo, Dona Maria. Nesse período, a figura da minha mãe para mim era a que colocava limites. É claro que meu pai também fazia isso, mas eu passava mais tempo com ela e, como uma boa criança, achava que limites eram só para demarcar municípios.
Só que essa história teve uma reviravolta no final de 2011, quando nos mudamos para Guiné Bissau. Eu estava com 11 anos, num lugar em que ainda não me sentia em casa. Foi então que descobri na minha mãe uma amiga e não qualquer uma, mas a melhor. Foi justo quando o núcleo de pessoas que eu conhecia se reduziu ao meu pai, meu irmão e minha mãe que eu pude conhece-la de outra forma, o que foi uma experiência que mudou minha vida. Até aquele momento não achava que podia conhecer mais minha mãe, afinal ele era a MINHA MÃE!
Voltando à pergunta “O que é ser mãe?” Depois dessa reflexão, eu responderia “sendo aquilo que minha mãe é e foi pra mim”. Eu não tenho a dimensão do sentimento de se ter um filho e cria-lo, mas, como filha, eu sei o impacto de ter minha mãe na minha vida, a Maria, e isso é uma das maiores demonstrações do amor de Deus por mim. Ela não só me gerou em seu ventre, como também formou a pessoa que sou hoje.
Tenho consciência de que não foi fácil, sei que teve de abrir mão de várias coisas, sei que ela sofreu e já chorou por minha causa. Apesar das dificuldades, eu sei que ela tomou a decisão de ser a minha mãe. Não estou falando de escolher e planejar engravidar, porque às vezes quem tem ou assume o papel de mãe nas nossas vida nem sempre é a pessoa que nos gerou. Mas sim, a pessoa que escolheu me pegar no colo, dar o leite com Toddy todas as manhãs, e assumir a responsabilidade de me amar, criar e educar foi ela, e isso é dom de Deus.
Que texto delicioso Sara! Autêntico, saudosista, aconchegante! Que bom que você tem essas memórias de quando era pequena… Uma joia preciosa!
CurtirCurtir
Texto maravilhoso. Deus leve a escritora bem longe pois ela é capaz
CurtirCurtido por 1 pessoa
Deus seja louvado pela sua vida filha amada e pela vida da sua mãe. Também pela vidado seu irmão. Deus continue dando crescimento no seu relacionamento com ele e na árdua, mas recompensadora arte de escrever.
CurtirCurtido por 1 pessoa
É verdade Sara! Sua Mãe é uma mulher extraordinária, louvo a Deus pela vida dela!
Louvo a Deus por ter sido ela a mentora de meu filho nos primeiros anos de vida na Igreja. A doçura é a meiguice é o registro que ela deixa nas pessoas que a conhece.
Maria Bonita, vc é uma inspiração para mim!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Amei Sarinha! Sempre me sinto atraída por textos e filmes “baseados na vida real” e não sei se por conhecer a Maria Bonita pude compreender cada palavra e sentimentos tão bem expressados por vc!
Que bênção indizível ter uma mãe como a sua!!!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Querida Sara!
O enorme carinho que tenho por sua mãe se estende a você.
O seu texto é simplesmente lindo!
Maria Bonita uma grande serva de Deus. Sua fidelidade reflete em tudo que faz.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Que preciosidade e que privilégio o da Maria de poder ler esse texto, Sara! Se tivesse q dar um título a ele, pensando do ponto de vista da Maria, seria “A Colheita”! Só uma mulher sábia pode desfrutar dessa bênção e vc, no futuro, tbm há de ver seus filhos fazendo o mesmo! Parabéns às duas!!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Que lindo Sara! Uma reflexão maravilhosa! Gosto muito dos seus textos! Escreva mais!
CurtirCurtido por 1 pessoa