Não é a primeira vez que o mundo experimenta uma situação como a imposta pelo COVID-19 (a Peste Bubônica, por exemplo, matou cerca de 50 milhões de pessoas na Europa e na Ásia entre 1333 e 1351 e a Gripe Espanhola matou cerca de 20 milhões nos anos de 1918-19). Porém, também nunca experimentamos uma mobilidade tão grande o que nos permite cruzar o globo em relativamente poucas horas. Por conta disso, estamos vivendo uma pandemia que começou no final do ano passado na Ásia e hoje está presente em todo o planeta causando mortes e, as orientações de isolamento preconizadas pelas autoridades de saúde acabaram por desencadear uma onda de pânico.
Como devemos reagir diante desse quadro? Aparentemente estamos de mãos atadas, presas em casa com nossas crianças cujas aulas estão suspensas, trabalhando em home office, com o estoque de suprimentos ligeiramente aumentado, mas a verdade é que não estamos de mãos atadas, não.
O texto de Êxodo 3 nos relata o diálogo entre Deus e Moisés, quando este se depara com uma sarça em chamas enquanto pastoreava o rebanho de seu sogro. Conversar com Deus, por si só, é um acontecimento e tanto no imaginário de qualquer um de nós, mas quero chamar a atenção para os versos 7 a 9:
Disse o Senhor: “De fato tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egito, e também tenho escutado o seu clamor, por causa dos seus feitores, e sei o quanto eles estão sofrendo. Por isso desci para livrá-lo das mãos dos egípcios e tirá-los daqui para uma terra boa e vasta, onde manam leite e mel: a terra dos cananeus, dos hititas, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus. Pois agora o clamor dos israelitas chegou a mim, e tenho visto como os egípcios os oprimem.*
Davi também experimentou algo semelhante, como encontramos no Salmo 40 e a Bíblia toda está cheia de relatos em que o povo de Deus clamou – e foi ouvido e atendido! Isso quer dizer que se clamarmos ao Senhor, seus olhos e ouvidos não estão fechados e alheios ao nosso sofrimento. Deus ouve nossas orações e é bondoso e misericordioso em nos atender. Como povo de Deus, inseridos em nossas comunidades, devemos não somente nos lembrar de nós e nossos entes queridos mas também por aqueles que estão na linha de frente dessa crise (médicos, enfermeiros, socorristas, autoridades de saúde), governantes e todas as famílias afetadas por essa situação – e será que a essa altura do campeonato, alguém não foi afetado por essa tragédia? Vamos falar sobre isso agora.
Infelizmente algumas pessoas não estão dando a devida importância à pandemia do Corona vírus e continuam agindo como se estivessem imunes a doença. De fato, na maioria das pessoas a doença se manifesta como uma gripe ou um resfriado forte o que pode parecer inofensivo. Contudo, pessoas infectadas com o vírus fazem parte da cadeia de transmissão mesmo não desenvolvendo sintomas. Por isso, é hora de agirmos com prudência. Uma pessoa prudente é cautelosa, precavida, ponderada e sensata. A prudência anda de mãos dadas com a sabedoria: “o temor do Senhor é o princípio da Sabedoria, e o conhecimento do Santo é a prudência” (Provérbios 9:10).
Sendo assim, não podemos menosprezar as orientações das autoridades de saúde: só saia de casa se estritamente necessário; a quarentena não é folga nem férias – por isso não é o caso de piquenique, praia, shopping e nenhum tipo de passeio; lave as mãos com água e sabão; caso esteja em um local em que a lavagem das mãos não é possível, carregue consigo um frasco de álcool em gel e higienize as mãos; evite aglomerações e ambientes fechados (inclusive ambientes com ar condicionado); mantenha os ambientes arejados e ventilados; reforce seus hábitos de higiene pessoal e alimentar bem como a limpeza de sua casa. E por último mas não menos importante: somos um povo caloroso que gosta de abraços e cumprimentos bem próximos mas resista – agora não é a hora!
Então, já estamos convencidas de que apesar de estarmos de quarentena, a Igreja de Jesus não está de mãos atadas? Como povo de Deus, vamos clamar com fé pelo fim dessa pandemia e, individualmente, vamos agir com prudência e acatar as medidas necessárias para impedir que essa doença continue se espalhando. Que Deus nos use como parte da solução e não da propagação do problema.
*grifo da autora
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