Mulheres sob pressão (Parte 2)

Em fevereiro deste ano, eu publiquei um texto compartilhando minha dificuldade em lidar com a pressão social que está sobre as mulheres casadas para que sejam mães. Se você quiser ler esse texto, clique aqui.  Agora, quero tratar do assunto “ser solteira num mundo de casadas”. “Ué, mas você não é casada?”, você pode estar se perguntando. Sim, eu sou casada há três anos. Como tenho 37 anos, faça as contas e constate que boa parte de minha vida adulta eu vivi solteira. Daí o motivo de me sentir à vontade para falar com vocês sobre esse assunto.

Em primeiro lugar preciso deixar absolutamente claro que nunca sofri pressão alguma para me casar. Contudo, ao invés de uma espécie de heroína que conseguiu driblar a pressão social e familiar eu estava mais para um caso perdido. De verdade: nem minha mãe acreditava que eu me casaria (“que homem vai conseguir lidar com a Cíntia, sempre viajando, sempre trabalhando, nunca está em casa?”). Com uma “torcida” dessas, então, ao invés de ficar chateada e achar que havia algo errado comigo, eu fui viver. Trabalhei muito e cresci na carreira, estudei tudo que eu queria estudar, viajei o mundo e tive vivências que foram tão boas quanto as experiências de quem estava acompanhado… (ou vocês acham que o “Titanic” que eu vi no cinema foi diferente do “Titanic” que minha amiga assistiu com o namorado? Não foi!).

Às vezes, a pressão para se casar vem não somente da sociedade ou da família, mas da própria pessoa. Argumentos para justificar esse fardo existem aos montes: o tal do relógio biológico (que abre precedentes para a próxima pressão – a de ter filhos), a preocupação de pais idosos que têm medo de que suas filhas se encontrem desamparadas após a morte deles, a dificuldade de enfrentar ritos sociais como chegar no restaurante e pedir “mesa para um”, ou procurar assento no escurinho do cinema e sentar ao lado de um casal apaixonado, ou ainda mulheres que querem casar-se pura e simplesmente para ter vida sexual. Contudo, não há na Bíblia nenhuma ordem ou determinação de que as mulheres devem se casar ou não, muito menos de que somente serão abençoadas as mulheres casadas (ou somente as solteiras). Existem conselhos, como do apóstolo Paulo em 1 Coríntios 7, de que é melhor que os crentes permaneçam solteiros mas, aos que não conseguem controlar seus desejos, que casem-se pois é melhor “casar do que abrasar-se”. Paulo, porém, é claro ao expressar que está dando um conselho a partir de sua própria experiência (v. 8).

Eu poderia ter sucumbido a uma crise de autoestima e colocado a culpa na minha imagem. Você não conhece alguém que acha que está solteira por não ser suficientemente bonita e atraente? Eu poderia ter sido essa pessoa – hoje, com todo o papo sobre auto aceitação, a gente vê gordas na propaganda, na TV, no cinema, na música, mas as coisas eram bem diferentes há 10 ou 15 anos – felizmente não caí nessa armadilha e sempre tive consciência de que minha autoestima não depende do meu estado civil nem da minha aparência: meu valor está diretamente relacionado à minha identidade e essa, por sua vez, ao que Cristo fez por mim. Cristo morreu por homens e mulheres separados de Deus por causa do pecado e que precisavam se conectar ao Pai. O estado civil não determina nosso valor perante Deus, somos preciosos e estar junto a Ele, foi o alto preço que Jesus pagou na cruz.

Outro ponto da minha história, que eu gostaria de compartilhar, é que existem momentos ideais para que a gente se case. Quando pedida em namoro, eu fui clara com ele: “não tenho mais idade pra perder tempo. Se for pra entrar num relacionamento, que seja já pensando no futuro. Se for pra ficar namorando uns 10 anos pra ver no que vai dar, eu fico solteira, muito obrigada”. Pode parecer pouco romântico – ok, nada romântico – mas alinhar as expectativas logo de cara foi a melhor coisa que fizemos. Tratamos de resolver nossas “pendências de solteiro” e começamos a vislumbrar uma vida juntos. Agindo assim, nos casamos quando nossas carreiras estavam estabilizadas, tínhamos recursos financeiros para pensar nos investimentos (financiamento imobiliário, reforma), para planejar uma boa celebração  (nossas famílias queriam!) e maturidade pra tratar de todo tipo de assuntos relevantes para quem está começando uma vida a dois (importantíssimo!). Tivemos tempo para nos realizar pessoalmente e desfrutamos de todo o processo sem pensamentos do tipo “ah não fiz aquela viagem solo que eu tanto queria fazer” ou “que pena, queria ter experimentado viver no exterior por algum tempo”. Os casais, obviamente, podem antecipar seus planos e isso não quer dizer que a experiência não será boa. Mas existe um tempo determinado para todas as coisas (Eclesiastes 3), o que torna tudo mais fácil. 

Pergunte-se: quero casar? E depois continue: por que quero casar? Minha história totalmente fora da curva não me permitiu muito tempo para essa reflexão. Quando era mais nova, eu dizia que não queria casar. Mas não estava pronta para um casamento e não queria abrir mão das coisas legais que eu ainda queria fazer. Conforme o tempo passou, envelheci, amadureci e quando conheci o Marco eu mudei de ideia porque ele é um homem bonito (pra casar tem que achar bonito, viu?!), crente fiel, dedicado à família, inteligente, trabalhador e tem muitas outras qualidades que o tornam um homem virtuoso. Se os seus motivos são do tipo quero me casar com um estrangeiro para estar perto da minha amiga que vive em outro país (baseado em fatos reais),  quero casar porque não aguento mais o tio do pavê me perguntando como estão os paqueras, quero casar porque não quero ter que fazer tudo sozinha, quero casar para não ter que trabalhar ou qualquer outro motivo dessa natureza, são motivos errados. Mas, afinal, qual o motivo certo para casar? Não sou especialista em assuntos matrimoniais (se ainda há dúvida, volte alguns parágrafos hahaha) mas sou especialista na minha história e por aqui nos casamos porque: entendemos que aquele era o plano de Deus para nós; aquele era o momento ideal; o cônjuge era (é) um servo fiel, dedicado e o relacionamento com ele me aproxima de Deus; o relacionamento com o cônjuge me refina como o fogo faz ao ouro; pelo desejo de ter nossa própria família (mesmo que isso não envolva filhos). Entendo que Deus queria me moldar através do casamento assim como entendo que outras pessoas não passarão pelo matrimônio porque Deus quer trabalhar na vida delas sem um cônjuge na história. 

Sempre pergunto a minhas amigas se elas querem casar. Se elas respondem “sim”, eu começo a orar por elas para que encontrem bons cônjuges, que elas sejam boas esposas e que como casal e família sejam abençoados por Deus. Se elas respondem “não”, eu oro para que elas sejam felizes em sua escolha, realizadas e satisfeitas, e que sejam abençoadas por Deus. O que é muito claro – e isso não é uma percepção ou opinião, isso é bíblico – é que todas as coisas serão acrescentadas quando buscarmos primeiro o reino de Deus. E por todas as coisas Deus quer dizer tudo que a gente precisa. Satisfação total garantida pelo nosso Senhor.

Para assistir meu bate-papo sobre autoestima com a Lucitania Egg, dos Vencedores por Cristo, clique aqui

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4 comentários sobre “Mulheres sob pressão (Parte 2)

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