Quanto àquilo que você prefere

Desde o início de nossas vidas somos confrontados por situações em que devemos fazer escolhas, das mais simples e despretensiosas às mais complexas e desafiadoras. E tais escolhas demonstram, a princípio aos nossos pais, depois aos professores, aos amigos da infância e então aos colegas de trabalho, bastante acerca da nossa essência. Muitas das escolhas tomadas são apresentadas e oferecidas a nós como parte da educação recebida e do contexto em que vivemos. Outras, porém, são fruto de nós mesmos, dos nossos desejos e tendências particulares. Apesar disso, todas elas têm impacto direto em nossa identidade, na forma como nos enxergamos e como lidamos com o mundo ao redor.

Muitas vezes o fato de não sabermos afirmar o que de fato acontecerá a seguir nos deixa receosos e inseguros ao tomar decisões. Situações corriqueiras provam o quanto tememos fazer más escolhas. Por exemplo, ao sair para lanchar, na correria do dia a dia, às vezes me pego pensando: quero aquele lanche X… mas e se for o Y, será que ele não é melhor? E se eu escolher o Y quando na verdade o X era o melhor desde o começo? Na verdade, e se optar por uma salada de frutas!? Só aí são alguns minutos “perdidos” na difícil tarefa de escolher. Quanto mais as grandes decisões, importantes e definidoras do curso da vida!

É possível haver certa facilidade ao decidir questões particulares e a dificuldade ressalta de verdade ao tomarmos decisões que podem influenciar pessoas ao nosso redor, ou mesmo alterar a imagem que elas têm de nós. Escolhas tomadas precipitadamente ou, ainda, de forma imatura e impensada, são capazes não só de mudar a forma como alguém nos enxerga, mas também alterar aquilo que é conhecido como “ser cristão”.

Há alguns anos, quase dez, na verdade, viajamos em família para Ilhéus, na Bahia, e conosco foi outra família, com a qual passamos os dias lá. Havia um garotinho, de uns 6 ou 7 anos na época, bastante extrovertido e animado com o passeio. Ao se deparar com alguns detalhes acerca da viagem sempre questionava a qualquer um que com ele estivesse: Mas o que você prefere? Uma cadeira marrom ou uma cadeira preta?; Mas o que você prefere? Aquela piscina ou o mar?; Mas o que você prefere? Um biquíni rosa ou um biquíni azul? Mas o que você prefere…? Ao dizer aquilo que preferimos demonstramos às pessoas detalhes intrínsecos acerca de nós mesmos e daquilo que mais prezamos. Damos a elas a chance de nos conhecer, ainda que a princípio seja através de conceitos caracterizados pela futilidade.

Todos os dias somos confrontados com possibilidades de escolhas que, além de serem determinantes para nós mesmos, muitas vezes são a janela através da qual o mundo enxerga o nosso interior. Fato é que a opinião de terceiros acerca das nossas preferências não deve ser determinante ao tomarmos decisões. Contudo, não somos chamados a viver por nós mesmos, de modo egoísta e autocentrado, mas a nos preocupar com o significado que nossas atitudes podem ter aos olhos daqueles que carecem de fé ou ainda estão progredindo em tal quesito.

No que tange à nossa própria coletividade, ao grupo de pessoas denominadas “cristãs”, é notório o fato de que o amor a Cristo nos faz inimigos do mundo – e tal fato reflete em nossas escolhas. Mas de que mundo? Das pessoas que nele habitam e de nós divergem? Ou dos padrões e preceitos mundanos dos quais fomos libertos na cruz? Afinal, desejamos tal liberdade para o nosso próximo, e nisso consiste amá-lo. Deste modo, nosso testemunho é nitidamente demonstrado através de escolhas.

O que deve dirigir as decisões que refletem e repercutem para além de nós mesmos é o resumo feito por Cristo acerca dos mandamentos: amar a Deus de todo o coração, de toda a alma, de todo o pensamento, e amar ao próximo como a nós mesmos (Mateus 22: 37;39). Daí decorre todo o nosso proceder e agir.

Fotografia: Pixabay

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