Sentia-me cansada, desanimada, e muitas vezes, sem nenhuma motivação. Eu sabia que precisava de um tempo de renovo. Por outro lado, havia uns dois anos que sentia no meu coração o desejo de mudar de ministério. Eu trabalhava no Instituto Bíblico Peniel (da Missão Novas Tribos do Brasil). Sempre gostei muito e sentia-me grata porque Deus me colocara ali. No entanto, dentro de mim, havia uma batalha: esse desejo de sair de Peniel e experimentar algo novo era somente do meu coração ou vinha de Deus ou isso estava acontecendo porque eu estava esgotada?
Falei isso para Deus e perguntei a Ele o que estava acontecendo comigo e o que eu deveria fazer. Será que havia algo de errado em meu coração? Com certeza, tinha algo que não estava bem, mas eu não estava sabendo discernir. Conversei também com alguns amigos de confiança e que andam com Deus.
Aos poucos comecei a ficar em paz e cheguei à conclusão que a primeira decisão que eu tinha que fazer era buscar um tempo de renovo, longe das minhas atividades. Quando estamos num estado de esgotamento não é aconselhável tomarmos decisões que vão gerar grandes mudanças. Ficamos mais sensíveis, nossas emoções oscilam muito e não podemos confiar totalmente nelas (ansiedade, medo, desânimo, tristeza profunda, raiva…). Geralmente distorcemos a realidade e enxergamos as dificuldades bem maiores do que realmente são ou vemos obstáculos onde não existe.
Deus me proporcionou uma ótima oportunidade de renovo. E durante esse tempo, minha meta também era tomar a decisão quanto à mudança ou não de ministério. Tanto a liderança da Missão quanto a da minha igreja sabiam da minha luta e estavam em oração por mim e para que a vontade de Deus fosse realizada. Outros também me sustentavam em oração nesse período.
Todos os dias temos que tomar algumas pequenas decisões que são simples e que não exigem tanto de nós. Mas outras decisões parecem tão difíceis que sugam nossas energias. Aí entra o conflito e temos medo de errar. Queremos fazer o que agrada a Deus, mas muitas vezes, sem perceber, estamos lutando para fazer nossa própria vontade. É a nossa natureza pecaminosa mais uma vez querendo ocupar o trono e reinar.
Outros fatores estão envolvidos nesses momentos de decisão: algumas vezes não sabemos exatamente o que queremos; nem sempre estamos dispostos a glorificar a Deus mesmo que a decisão não seja a melhor dentro da minha perspectiva; pensamos somente em nós e não nos interesses de outros; não temos um relacionamento íntimo com o Pai, etc. E você pode acrescentar outros fatores a essa lista.
Voltando ao meu tempo de reflexão e tomada de decisões…. Eu estava aflita, ansiosa, com medo, com algumas dúvidas, algumas vezes angustiada. A cada dia apresentava esses sentimentos para Deus. Mas quer saber a verdade? Eu não estava depositando minha vida e decisões totalmente nas mãos do Pai, e por esta razão, eu não conseguia descansar e aquietar-me.
Somente quando eu consegui descansar e entregar para Deus, confiando nEle e crendo que Sua vontade é boa, perfeita e agradável é que pude enxergar uma luz. Tudo estava ficando mais claro e suave.
Muitos princípios norteadores tornaram-se mais reais para mim. Quero citar alguns que me ajudaram, não somente nessa decisão em questão, mas também em outras.
- Pedir sabedoria ao Senhor. Tiago 1.5 nos diz que Ele dá liberalmente
- Não devemos ser precipitados, pois geralmente erramos.
- É necessário deleitar-se no Senhor. Quando andamos com o Senhor, em obediência, fica mais fácil saber a vontade dEle, pois Ele mesmo colocará no nosso coração os seus desejos. E para isso, precisamos estreitar cada dia mais nosso relacionamento com Ele.
- Ter paciência para esperar a resposta de Deus.
- Não ter medo, mas confiar no Senhor. “O perfeito amor lança fora o medo. ” Quando confiamos no amor do Pai, não temos medo dos planos dEle para nós.
- Buscar conselhos sábios. “Na multidão de conselheiros há segurança. “ (Pv 11.14).
- Não analisar demais (ter equilíbrio) e nem tentar controlar tudo. Geralmente essas atitudes andam paralelas com nossa tendência de nos apoiar em nossa própria capacidade e entendimento.
- Pensar nas possibilidades.
- Pensar em suas habilidades.
- Honrar autoridades. Deus também usa nossos líderes para nos guiar no caminho certo.
- A paz de Deus é o árbitro em nossos corações. Não dá pra explicar essa paz, mas ela nos traz a convicção da direção que temos que tomar.
E, se tomarmos uma decisão que seja diferente da que Deus deseja, como Pai amoroso, Ele vai nos conduzir ao caminho certo. Mas devemos estar conectados com Ele, reconhecendo-o em tudo e com o coração disposto a fazer Sua vontade.
Ah! Você deve estar se perguntando qual decisão tomei. Eu mudei de ministério. Fui para um lugar que nem imaginava. A partir do momento que fiz essa decisão, Deus foi confirmando a cada passo que eu dava. E Deus continua realizando Sua obra em minha vida.
Nesse período de dúvidas, oração e busca da direção de Deus aprendi muito a respeito de quem Deus é e quem eu sou. Pude ver algumas áreas em minha vida que achei que estava indo bem, mas na verdade precisavam de muitas mudanças. Vi também que sempre preciso dar novos passos de fé e a razão principal que deve nortear minha vida é a glória de Deus e não meus próprios interesses.
É fácil? Com certeza, não. Mas o maior interesse de Deus é continuar trabalhando em nossas vidas para sermos cada dia mais parecidos com Jesus. E Ele vai usar muitos meios.
Gosto muito do cântico abaixo.
“Não tenhas sobre ti um só cuidado, qualquer que seja
Pois um, somente um, seria muito para ti.
É Meu, somente Meu, todo o trabalho
E o teu trabalho é descansar em Mim.
Não temas quando enfim, tiveres que tomar decisão.
Entrega tudo a Mim, confia de todo o coração.
Em suma, o que mais precisamos é confiar e descansar tão somente em Deus, vivendo a verdade de que Ele é o meu Senhor e tudo é para a glória dEle.
Fotografia: Vu Thu Giang on Unsplash