Corra pra Deus

O despertador toca. Levanto agora ou fico mais 5 minutos? Lá vem a primeira decisão do dia. Abro o armário e fico olhando com aquela cara de… vai começar tudo de novo! Que roupa eu ponho hoje? Ai Ai… que preguiça! Até na hora de colocar o perfume antes de sair de casa eu preciso parar, pensar, pensar de novo… até decidir pelo floral com uma nota de almíscar, que me dá uma sensação de “dá licença, cheguei!”

Bom, se ficasse em casa, certamente a insanidade das decisões continuaria. Se não fosse a escolha do perfume, seria se faço a salada do almoço com repolho, ou alface mesmo; se cozinho feijão carioca ou preto; se descongelo a carne moída ou as sobrecoxas de frango.

Sobre essa jornada nossa de cada dia, especialistas estimam que fazemos entre 250 e 2.500 escolhas diariamente. Eles dizem também que a melhor hora do dia para se tomar uma decisão – com menor risco de erro – é entre 10 da manhã e meio dia. Uau! Que ótima dica! Só que o tempo todo elas estão diante de nós: escolhas, escolhas e mais escolhas. Falemos agora de outro tipo de escolhas. As mais pontuais, mais difíceis, mais cruciais.

Você está trabalhando, gosta do seu emprego, ganha bem, já está lá há um bom tempo, e é super entrosada com os colegas. De repente, do nada, recebe oferta de um novo trabalho, com um salário um pouco melhor, alguns benefícios a mais e daí começa o sofrimento: e agora? Será que vale a pena? Será que vou me adaptar? É melhor ficar aqui onde estou acostumada e feliz? Socorro! Alguém me ajude!!!

Outra situação bem rotineira: o proprietário do imóvel onde você mora avisa que você deve desocupá-lo em 90 dias. Você não acredita! Já mora ali há mais de 10 anos! É amiga dos vizinhos, gosta do pão daquela padaria, o ponto de ônibus fica pertinho, você adora aquele pé de Ficus que dá uma sombra deliciosa na frente da casa… Não adianta! Nenhum sentimento muda o fato de que você precisa sair dali em três meses. Daí você começa a falar com todo mundo! Manda mensagem de WhatsApp pra sua lista toda. Sai andando como uma desesperada pela sua rua, e pelas mais próximas, procurando uma bela placa de “aluga-se”. Nada. Nenhuma plaquinha. Nenhumazinha. Daí você vai para as outras ruas não tão próximas e… nada. Naquela noite você não prega o olho! Então você liga para algumas imobiliárias, e começa a pedir oração até pra diarista da sua cunhada.

Passadas duas semanas, uma vizinha manda uma mensagem dizendo que uma casa na esquina da rua de cima vai desocupar. Você solta um “Brigada Deus!” e vai correndo até lá. A moradora deixa você dar uma olhada: um quarto a menos, cozinha bem pequenininha, a área de serviço é descoberta e não tem saída pra máquina de lavar, então a mangueira ficaria dentro do tanque. Nenhum dos dois quartos tem armário embutido. Você sai dali num misto de empolgação e frustração, e vai pra casa mecanicamente. O imóvel está nas imediações que você quer, mas as condições estão bem aquém do que gostaria.

No final de semana seguinte, sua tia liga dizendo que a casa ao lado dela desocupou e que você precisa ir lá! Você não se anima porque fica num bairro bem distante, mas como você gosta muito da sua tia, lá vai você ver a tal casa. Quando passa pelo muro, leva um susto! Que grama maravilhosa! Bem cuidada! E olha só aquele canteiro cheio de roseiras! Ao entrar pela porta social, outro susto! Sala de estar enorme! Pintura novinha, sanca de gesso em todo o teto, piso de porcelanato como você sempre sonhou! Além de três quartos sociais, e todos com armário embutido, há mais um quartinho nos fundos. Pronto. Caos instalado. E agora? Os aluguéis de ambas as casas são similares. Daí você pensa: O que eu faço? Então você começa a pesar todos os prós e contras para, enfim, tomar uma decisão.

No fim das contas, não importa se você precisa escolher a roupa, o perfume, o cardápio do dia, ou se precisa decidir sobre uma nova possibilidade de emprego ou uma mudança de casa. Fato é: você terá de tomar a fatídica decisão.

Na minha vida, passei por muita saia justa. Houve ocasiões em que eu só queria deitar e dormir pra fugir de uma decisão. Só que não é assim que funciona. Uma hora você terá de se posicionar.

Uma das mais difíceis decisões que eu e meu marido tivemos de tomar, em nossos 30 anos de casados, foi no ano 2000. Vida estável, trabalho estável e lá vem uma proposta de mudança radical em vários aspectos. Vou dizer pra você as três coisas que nos ajudaram a decidir:

  • A primeira é óbvia e talvez a mais importante: orar. Mas veja bem, não é “só orar”, mas orar conforme Deus ensina pela boca de Jeremias: “Buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes de todo o coração”. Nossa busca tem de ser sincera e incessante. É como se disséssemos: “Senhor, ouça a minha oração senão eu morro! Não posso lidar com isso sozinha!”
  • Buscar a orientação de Deus lendo as Escrituras. A Bíblia ensina que existem muitos propósitos no nosso frágil e falível coração humano, e que no final das contas o que prevalece é o desígnio de Deus (Pv 19.21). Também ensina que cada passo que damos é dirigido pelo Senhor; e algo duro que lemos na Santa Palavra é que não recebemos o que pedimos porque pedimos mal (Tg 4). Uau! Que forte heim? Então, diante de uma grande decisão a ser tomada, voltemo-nos às Escrituras e busquemos orientação do Alto.
  • Pedir conselho. Eu sei que temos aquele famoso dito “se conselho fosse bom, não se dava, vendia”, só que isso vai na contramão do que a Bíblia diz. Se você ler os capítulos 19 e 20 dos famosos Provérbios de Salomão, verá preciosidades ali. Selecionei duas:

”Ouve o conselho e recebe a instrução, para que sejas sábio nos teus dias por vir”

 “Os planos mediante os conselhos têm bom êxito”

Veja bem, uma coisa é buscar conselho e outra é quem deve ser a pessoa a se buscar esse conselho. Minha sugestão: selecione alguém imparcial à decisão que você precisa tomar; alguém que seja mais experiente na vida; alguém em quem você confie profundamente; alguém que tema a Deus e que não oferecerá conselho que vá na contramão da fé cristã.

Eu acrescentaria uma quarta tática que aprendi com minha filha mais velha: pegue uma folha de papel.  Do lado esquerdo escreva PRÓS e do direito CONTRAS. Daí você vai listando todas as implicações, e estou quase 100% convicta de que uma das duas colunas estará bem mais cheia que a outra. Isso será um bom parâmetro pra sua decisão.

É isso então. Sobre aquele impasse do ano 2000, acabou dando tudo certo. Após passarmos pelos filtros que mencionei, tomamos nossa decisão. Quando a sua hora chegar, e não for apenas para escolher um perfume, corra pra Deus, e mesmo que seu coração já tenha feito algum plano, Ele dará a resposta certa.

 

Fotografia: Pixabay

45 comentários sobre “Corra pra Deus

  1. Lindo Mônica amei é o nosso dia a dia,sempre temos de tomar decisões, umas mais simples outras mais complicadas, mas em todas temos de nos lembrar do passo a passo que você colocou,e tomarmos a decisão dentro do que o nosso Deus,quer para nós.

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  2. Ótimo texto. Mensagem profunda escrita de forma leve e bem humorada. Ainda estou me acomodando à uma mudança bem radical. Muitos prós e alguns contras. Sigo procurando onde usar minha profissão aqui em um novo modelo de atuação. Tenho colocado nas mãos de Deus e sei que Ele vai me mostrar o que fazer. O texto veio me ajudar nesse momento.

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  3. Mônica!!!! Graças a Deus que tomou a decisão de vir pra São Paulo !!!!! Estava dentro dos planos Dele vc vir , a gente se conhecer e vc me discipular!!!! Devo minha conversão a você, amiga querida! Amei o recto! Amei o blog!!!! Boa sorte!!!!

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