
Foto por Helena Lopes em Pexels.com
Existem alguns versículos da Bíblia que às vezes se passam por ditados populares de tão conhecidos e falados por muita gente. “Não pague o mal com o mal, minha filha”, “cuidado, tudo que você planta, colhe”, “será que essa semana os humilhados serão exaltados?”, e por aí vai. Um dos que eu ouço de vez em quando é “alegrem-se com os que se alegram e chorem com os que choram”, e geralmente é numa situação de tristeza, onde querem incentivar a compaixão, referindo-se à segunda parte do texto. Por mais que a individualidade e o egocentrismo sejam marcas da nossa sociedade pós-moderna, a empatia e a solidariedade com a dor do próximo são bem vistas e até bastante estimuladas, mesmo que, lá no fundo, não sejam tão fáceis assim de praticar.
A princípio parece fácil se alegrar com os que se alegram e se compadecer dos que choram, mas será que é mesmo? Enquanto a tendência a relativizar a dor do outro e até culpabilizá-lo pelo que está passando revela nossa falta de amor, a dificuldade de genuinamente celebrar uma conquista que não é nossa revela a velha conhecida inveja. É triste reconhecer a facilidade que temos de curtir uma foto de viagem no Instagram, enquanto por dentro nos perguntamos “viajando do novo?”. E a coleguinha que namorou todo mundo, agora posta a foto do casamento com aquele partidão e consegue arrancar de nós um sombrio “não vai durar”. Um dia desses postei um texto falando da dificuldade da pessoa que sofre uma doença crônica de lidar com os olhares do outro: se ela passa o dia deitada sem fazer nada, é preguiçosa e está se entregando à doença, se é voluntária em uma viagem ao sertão é relapsa com sua saúde e deveria estar descansando. Quantas situações assim você, mesmo saudável, já enfrentou? E quantas vezes não foi você mesma a autora desses comentários? Infelizmente, mesmo sofrendo essa dor na pele, acabamos nos colocando na posição terrível de causar essa dor a alguém.
Tanto o “chorar com os que choram” quanto o “alegrar-se com os que se alegram” requerem de nós a postura de considerar o outro antes de nós mesmos, e esse é o grande desafio. E a via é de mão dupla! Preocupações como “se eu não me amar, quem vai?” não fazem sentido. Primeiro porque, se formos bem honestas, a gente já se ama demais; e segundo porque se damos amor, recebemos amor (mesmo que não seja de quem estamos esperando). Colhemos o que plantamos, lembra?
Há dois textos na bíblia que falam isso muito claramente:
“Com base na graça que recebi, dou a cada um de vocês a seguinte advertência: não se considerem melhores do que realmente são. Antes, sejam honestos em sua autoavaliação, medindo-se de acordo com a fé que Deus nos deu.” (Romanos 12.3)
“Não sejam egoístas, nem tentem impressionar ninguém. Sejam humildes e considerem os outros mais importantes que vocês. Não procurem apenas os próprios interesses, mas preocupem-se também com os interesses alheios.” (Filipenses 2.3-4)
Pensar menos de si e mais do outro vai contra muita coisa que ouvimos por aí, mas é a chave para a empatia, a solidariedade e o amor genuínos. Só assim a pimenta no olho do outro vai arder no meu, a ponto de eu sofrer com ele. Só assim vou ter comigo pessoas que celebrem minhas vitórias como se fossem realmente suas. E isso só é possível quando amamos a Deus acima de todas as coisas. Somente por meio do amor dele em nós é que conseguiremos amar ao próximo como a nós mesmos.
O desafio é grande, mas vale a pena. Basta dar o primeiro passo!
Suzana! Eu sou brasiliense de nascimento e goiana de coração!!! hahaha
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