Atualmente o cenário político do nosso país tem mexido com os ânimos da maioria dos brasileiros. Temos parado para assistir aos telejornais, os jornais têm os mesmos rostos estampados na primeira página, acompanhamos atentos os plantões dos canais de notícias esperando pelo desenrolar de tudo isso com um lampejo de esperança de que aos 518 anos de seu “descobrimento” a palavra corrupção seja desassociada da nossa cultura.
Em meio a tudo que li e ouvi nos últimos dias, uma fala do ministro Luís Roberto Barroso me fez pensar muito sobre o assunto. “Não é este o país que eu gostaria de deixar para os meus filhos: um paraíso para homicidas, estupradores e corruptos. Eu me recuso a participar, sem reagir, de um sistema de justiça que não funciona, salvo para prender menino pobre.”
Sem entrar no mérito da questão, eu pergunto: o que podemos fazer para perder a terrível fama do povo do “jeitinho”? Será que não estamos, há tempo demais, assistindo passivamente à degradação do nosso país? Qual a minha parcela de culpa na fama que carregamos?
Aos poucos assistimos passivamente a entrada de alguns pensamentos em nossas casas e igrejas sem dar a devida atenção no estrago que podem fazer. Uma delas é a tal busca pela felicidade. Ouvimos de toda parte: “se isso te faz feliz” ou “siga seu coração”. São expressões até bonitinhas, mas que levam à contramão da Verdade das Escrituras. Lemos em Jeremias 17:9 “Enganoso é o coração e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?” Em Marcos 7:21,22 lemos “Pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez.”
Temos a tendência de nos colocarmos no lugar de juízes e julgarmos os atos atrozes que são praticados a nossa volta, mas como é difícil perceber a nossa própria corrupção. Assim como Davi que, em 2 Samuel 12, após ouvir o profeta Natã, foi tão rápido em se enfurecer e dar o veredito se esquecendo de suas próprias atrocidades.
Durante um tempo estacionei nesse relato sobre o rei Davi e a sequência de seus atos tem muito a nos ensinar.
- Davi não estava fazendo o que um rei deveria fazer naqueles dias (2 Samuel 11:1-2). Parece bobo, mas quantas vezes deixamos de cumprir com nossas obrigações? Reclamamos dos funcionários que não nos atendem devidamente ou que não cumprem suas funções, ou ainda daqueles que usam atestados de forma indevida.
- Davi não conteve seus desejos, pelo contrário usou sua posição para dar vazão a eles (2 Samuel 11:2-4). Não tem jeito, a corrupção sempre começa no coração, com maus desejos e crenças erradas. Sempre existe a possibilidade de “fecharmos as cortinas”, desviarmos o olhar, de nos afastarmos daquilo que pode nos levar ao tropeço. Esse ponto me remete a Gênesis 4:7 “Se, todavia, procedes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.”
- Davi tenta dar um jeito, acobertar seu pecado com uma falsa preocupação e falsas boas ações (2 Samuel 11:5-13). É fácil tentar “consertar” as coisas. Às vezes tentamos nos enganar com compensações, numa tentativa de aliviar a consciência.
- Davi comete outro pecado para “resolver” a situação criada pelo primeiro (2 Samuel 11:14-24). Aqui as coisas ficam complicadas porque é muito fácil cair nesse emaranhado. Quantas vezes não vimos uma mentira sendo contada para acobertar outra e, de repente, uma bola de neve causa uma avalanche.
- Davi se acostumou com o pecado, ele o vê nos outros, mas não em sua vida (2 Samuel 11:25-12:6). O que mais fazemos quando assistimos aos jornais. Aquele que desvia verba é corrupto? Sim, mas o que aceita o troco errado também. Parece haver uma linha tênue, mas não há. Pecado é pecado, ele corrompe, deteriora e adultera.
Felizmente Davi se volta para Deus e reconhece seus pecados depois de ser repreendido. Ele pede perdão ao Senhor e é perdoado, mas precisará lidar com as consequências de seus atos.
Como cristãs somos chamadas à santidade, deixando de ouvir nosso coração corrupto e nossos desejos egoístas.
“Portanto, cada um de vocês deve abandonar a mentira e falar a verdade ao seu próximo, pois todos somos membros de um mesmo corpo. Quando vocês ficarem irados, não pequem. Apaziguem a sua ira antes que o sol se ponha, e não deem lugar ao diabo. O que furtava não furte mais; antes trabalhe, fazendo algo de útil com as mãos, para que tenha o que repartir com quem estiver em necessidade. Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem. Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção. Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade.” Efésios 4:25-31.
Infelizmente, nos dias de hoje não ceder à correnteza de corrupção tem seu preço. É terrível pensar que fazer o certo pode nos levar a ser taxados de “Caxias”, outras vezes até um preço nos será cobrado por isso, mas acredite, nunca será mais caro que ter que lidar com as consequências do pecado.
Fotografia: Pixabay
Uau! Nunca será mais caro MESMO!
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