Meu coração é igual de mãe… Só que não

Para alguns é novidade, para outros já é mais sabido do que o nome dos próprios pais. Eu sou a farofa. Gosto muito de estar junto das pessoas e ainda mais se for dos meus amigos. Quando eu era criança, fazia um show para ir na casa das minhas amigas ou para elas virem na minha. Enquanto eu crescia, a casa sempre esteve cheia de amigos, família e visitas, o que acabou tornando esse traço da minha personalidade mais forte.

Durante a infância e a adolescência, mudei-me várias vezes: para lugares mais longe e outras vezes para lugares lá perto da Terra Média. Porém, todas às vezes que eu chegava em uma cidade nova, tentava me enturmar o mais rápido possível, pois para mim a sensação de peixe fora da água era a pior de todas. Quando tento fazer amizades, existem duas possibilidades: algumas pessoas podem me achar engraçadinha; outras podem me achar completamente estranha, mas é claro que essa é uma conclusão feita por mim mesma, ou seja, posso estar errada e todo mundo questiona a quantidade de parafusos em atividade da minha cabeça e só reagem de forma diferente.

E por causa dessa minha necessidade de sempre querer criar raízes, fico muito frustrada quando não consigo estabelecer relacionamentos e acabo me culpando por não me esforçar o suficiente, já que realmente é muito mais confortável nos fecharmos em nosso mundo interior, e era o que eu às vezes fazia e ainda sou tentada a fazer.

Com o passar dos anos é natural que as amizades mudem e se ampliem. Nós crescemos e mudamos tanto de pensamento quanto de ambiente, porém cada vez mais percebo como as amizades estão frágeis e rasas e só são vantajosas se ambas as partes possam estar ganhando algo com isso. E porquê? Para mim a resposta é clara: porque exige sacrifícios. Depois de uma olhada rápida ao meu redor, foi a esta conclusão que cheguei.

Não estamos dispostos a nos abrirmos ou nossos grupos de amigos, e o conceito de panelinha que é algo associado com as crianças e adolescentes acaba por se estender até aos adultos. É claro que existem pessoas com que temos mais afinidade, não estou dizendo para sair por aí abraçando todo mundo que aparecer pela frente e perguntando como está a família (mas pensando bem, até que não seria algo tão ruim assim, sinta se a vontade para fazê-lo, todavia, não me responsabilizo pelas possíveis reações).

O que quero dizer é para sermos generosos e compartilharmos a comunhão desfrutada em Cristo, rompermos da nossa bolha de individualidade, o que ocorre quando cedemos, ouvimos e nos colocamos no lugar no próximo, deixando o nosso mundo particular para vivermos no mundo do reinado de Deus, que inclui outras e eu também.

Proponho que vejamos a generosidade e a comunhão por um ângulo diferente, porém simples: ser generoso no sentindo de dividirmos aquilo que é nosso que são os amigos verdadeiros pessoas que fazem tão bem a nós, pessoas em quem confiamos, partilhamos os momentos bons e ruins. Compartilhamos o mesmo sentimento, que é o amor, o dom que vem de Deus.

O problema é que vivemos como se estivéssemos abertos para todos, quando na verdade não é bem assim, continuamos fechados no mesmo círculo com medo de arriscarmos aquilo que temos e acabamos não vivendo aquilo que a Bíblia nos diz, começando por mim mesma. Esquecemos o que é amor realmente, não é dizer que ama alguém só porque ela ri das suas piadas, pensa parecido ou porque te paga um pastel de vez em quando.

Estou falando de amar como Deus nos ama, de amar o nosso próximo como amamos a nós mesmos, de importarmos com o que ela está vivendo, de nos preocupamos com os seus problemas. Por que amar é uma escolha, mesmo quando nem sempre nos é favorável, amar é perdoar, independente dos erros cometidos. Em resumo, é amar como Jesus nos amou, dando-se por nós. Estamos dispostos a amar assim? Se estamos, nosso coração estará aberto para abençoar e ser abençoado através de relacionamentos saudáveis e terapêuticos para os envolvidos nele.

Fotografia: Pexels

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