Não consegui Cumprir

Na época da minha graduação, uma professora querida, com seus quase 80 anos de idade, me contou feliz da vida que havia começado a fazer aulas de alemão. Achei o máximo! Passado um ano, perguntei como estavam as aulas. Com toda serenidade de sua idade ela disse que havia parado alguns meses, mas que retomaria em breve, pois aprendeu a nunca desistir de nada na vida. Minha admiração aumentou!

Essa professora além de lecionar era super ativa na pesquisa e se dedicava muito aos alunos. Sua agenda era muito cheia. Resolvi seguir o exemplo dela e tê-la sempre em minha mente quando quisesse desistir. Na primeira ocasião que apertou para meu lado, adivinhem, falhei! Agora a imagem daquela professora vinha na forma de uma senhorinha com ar de juíza, repreensão, balançando a cabeça de forma negativa para a Polly que covardemente desistiu.

Como a imagem que criamos das pessoas na mente pode armar arapucas com nossa auto-estima! Não me sentia julgada apenas pela imagem daquela professora, mas também pelas várias situações, ocasiões e histórias que ouvia sobre persistência e que colocam os desistentes como covardes, e fracassados. Sem contar no ciclo de promessas e metas que fazemos a nós mesmos para, no futuro, não mais desistir de algo. As promessas ficam mais desafiadoras e a frustração em não cumpri-las um tribunal.

Lembro de um seriado chamado “Anos Incríveis”, em que, Kevin Arnold, o protagonista principal, é desafiado a tocar em um recital de piano. Ele se vê incapaz, mas sua professora o desafia. No recital consegue tocar com toda a sensibilidade e encanto. Todavia, o episódio acaba com ele dizendo que depois nunca mais tocou piano. Desistiu das aulas. Fala com uma frustração e sem muita explicação ao ponto de arrancar lágrimas dos telespectadores. Acho que pior que desistir de algo no percurso, é alcançar e depois desistir.

Pouco tempo atrás um amigo que alcançou uma posição altíssima no meio profissional, desistiu de sua pesquisa para cuidar de um familiar que precisava dedicação maior. Apesar do motivo ser algo nobre, a vida dele ficou super difícil. Temos a impressão que os motivos nobres nos darão alívio, mas na maioria das vezes não dão. Mais difícil que isso, é quando a razão para se cumprir algo é nobre e falhamos. Como dói!

Pedro sentiu amargamente isso. Disse que estaria com Jesus não importasse o que acontecesse. Imagino-o depois de negar três vezes à Cristo, tentando lidar com a sua vergonha, frustração, sua decepção de ter negado alguém como Cristo. Seu choro amargo, dilacerado por dentro. O sentimento de que falhou horrivelmente naquela altura do campeonato.

Somos tão “Pedro”! Como nosso sentimento de heroísmo é frágil. Tão raquítico. Os meios de comunicação que apresentam os “heróis” que não desistiram de um feito grande, não mostram as várias vezes que eles já desistiram. Minha professora provavelmente deve ter, sim, deixado algumas coisas no percurso de sua vida. Ninguém passa por esse mundo sem ter se frustrado, falhado, abandonado alguma coisa. Até mesmo os megalomaníacos sabem que já largaram algo. É importante ter persistência, mas é também necessário lidar com nossas desistências, nossas promessas não cumpridas.

Nesse ano de 2018 não quero colocar metas, fazer promessas ou qualquer desafio que vá suprir meu ego. Você leitor pode me achar covarde, fraca, e qualquer outro adjetivo que se encaixe. Mas falho até mesmo em não conseguir fazer uma promessa. Se Cristo não vir até meu encontro assim como foi ao de Pedro naquela praia – depois dele ter falhado e o negado – qualquer plano, meta e promessa será em vão. Quero lhe contar meus desejos e frustrações e que me ensine a perseverar como Ele. E mesmo se eu falhar pela centésima vez, Ele me AGAPAO (ama incondicionalmente).

 

Fotografia: Pinterest

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