Seja grato, haja o que houver!

Um devocional que li há pouco tempo atrás trazia a história de Eva e a serpente no jardim do Éden. É interessante ver a maneira sutil com a qual a serpente leva Eva a duvidar do cuidado de Deus, fazendo parecer que Deus estava retendo (por puro capricho) algo muito bom, privando-a e dando apenas as sobras para ela e para Adão. Eva não pensou que, na verdade, tudo ao seu redor indicava exatamente o contrário. Que Deus queria nada menos que o melhor para eles. Que, conhecedora do bem que a rodeava, ao comer da “Árvore do conhecimento do bem e do mal”, tudo o que Eva “ganharia” com a desobediência era o conhecimento do mal. Até então ela não havia pecado, mas eis que surge a dúvida: “Será que Deus está me privando de algo realmente bom?”

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Foi nesse momento que Eva começou a conceber o pecado, quando, em seu coração, ela duvidou do cuidado e do amor de Deus por ela.

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Esse texto veio para mim como uma flecha em meu coração! Esse ano foi cheio de muitas mudanças e vários momentos realmente difíceis de escassez e privações, de incertezas e medos, de muito choro e muita luta. Em meio a isso tudo, me peguei, muitas vezes, duvidando do cuidado de Deus, achando que Ele não estava me dando o melhor, que estava me privando de algo bom por puro capricho e me torturando com tantos problemas. Ao ler a reflexão sobre Eva no jardim, imediatamente percebi que estava agindo igual a ela. Culpando a Deus pelo meu sofrimento e acusando-o de não estar me dando as coisas que eu achava que precisava tão urgentemente.

Entendam que há uma grande diferença entre falar para Deus o que estamos sentindo e acusá-lo de não estar cumprindo seu papel. Peço permissão para abrir um parêntesis e falar rapidamente sobre isso. É muito importante sabermos usar as palavras certas em um diálogo, para não ferirmos a outra pessoa. Logo que me casei aprendi essa lição (que levo comigo até hoje) e que não serve apenas para o casamento, mas para qualquer relacionamento (inclusive com Deus).

É muito injusto quando, em uma discussão, julgamos a intenção do outro e não apenas suas ações. Por exemplo, dizer: “Você não me ama! Você quis me humilhar na frente dos meus amigos e me tratou como lixo!” é bem diferente que expressar: “Olha, a maneira como você falou comigo na frente dos meus amigos me fez sentir humilhada. Suas palavras me feriram profundamente, pois me fizeram sentir que você não me ama ou não me respeita.” Percebem a diferença?

Em um caso, a linguagem vem cheia de acusação e mágoa, no segundo caso, as palavras vêm carregadas de muito mais significado, pois não estamos atacando a outra pessoa, mas apenas dizendo como aquela determinada ação nos fez sentir. Daí em diante o diálogo caminha bem mais próximo do perdão e da reconciliação.

Creio que o mesmo se aplica ao nosso relacionamento com Deus. Ele sabe que as lutas nos desanimam e nos cansam, por isso não devemos ter medo de falar para Deus sobre nossos sentimentos, mas também não devemos cometer o erro de acusá-lo de não ser um Deus justo e bondoso. E aqui eu fecho o meu “parêntesis”.

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Mas o que fazer quando nos sentimos decepcionados com Deus? Como devemos agir quando parece que as lutas estão sendo maiores do que podemos suportar? Como podemos ter um coração grato mesmo mediante às dificuldades?

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A Bíblia tem muitos versículos que falam sobre gratidão, mas o meu favorito foi escrito pelo apóstolo Paulo, que escreveu em uma de suas cartas a seguinte frase: “Em tudo dai graças, pois esta é a vontade de Deus”. Algo que me chama atenção nesse texto é que Paulo não diz “POR tudo dai graças”, mas “EM tudo”. Isso faz toda a diferença!

Quando passamos por situações dolorosas e difíceis como falta de recursos financeiros, doenças ou a morte de um ente querido, Deus não espera de nós que digamos: “Valeu Deus! ‘Tô’ bem feliz porque alguém que eu amo morreu.” ou “Obrigada Deus por eu estar passando fome. ‘Brigadão’!”

Não! Deus não é sádico. Ele sabe o quanto essas coisas nos abalam e desanimam. O que Ele pede de nós é que, em meio às lutas, ao luto ou à escassez, possamos dizer: “Estou sofrendo, está sendo muito difícil, mas em meio a essa dor, essa privação, eu te agradeço porque sei que o Senhor me ama e cuida de mim. Sei que essas lutas vêm com um propósito muito especial e que lá na frente poderei entender. Creio que as tuas promessas para mim são verdadeiras e que esse sofrimento vai passar, e sairei do outro lado uma pessoa mais forte, pois o Senhor está me ensinando a confiar mais em ti do que em mim mesma.”

Essa, minhas amigas, é uma lição que levaremos uma vida inteira aprendendo! Que bom que temos em Jesus um Amigo fiel para nos segurar pelas mãos e nos conduzir carinhosamente pelo caminho que uma vez Ele mesmo trilhou!

“Sejam agradecidos, haja o que houver, porque esta é a vontade de Deus para com vocês que pertencem a Cristo Jesus”. (I Tessalonicenses 5:18)

 

Fotografia: Kristopher Roller on Unsplash

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7 comentários sobre “Seja grato, haja o que houver!

  1. Obrigada, Lorena. Deus enviou suas palavras para renovar nossas forças. Estou vivendo situações inimagináveis. Somos eu, meu marido e filha, servos do Senhor. E minha angústia é perceber a dificuldade que meu esposo está tendo em ser grato e ver o cuidado de Deus em tudo quanto temos passado. Tal atitude tem me trazido dor e sofrimento. Mas suas palavras, enviadas por Deus, me trouxeram alegria. Deus a abençoe e ao seu lar e ministério. Abraços carinhosos.

    Livre de vírus. http://www.avast.com .

    *Mônica Alves Emerick*

    *Tudo tem o seu tempo determinado; e há tempo para todo propósito debaixo do céu. (Eclesiastes 3.1)*

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    • Olá Mônica, muito obrigada por seu comentário aqui no blog. Fico feliz em saber que Deus ministrou ao seu coração através desse texto assim como ministrou ao meu quando o escrevi. Realmente as lutas que enfrentamos nos desanimam muitas vezes, mas minha oração é para que Deus os renove e se revele a vocês de uma maneira mais profunda através dessas dificuldades. Um abraço apertado de sua irmã em Cristo!

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  2. Lorena, adorei esta parte: Deus não espera de nós que digamos: “Valeu Deus! ‘Tô’ bem feliz porque alguém que eu amo morreu.” ou “Obrigada Deus por eu estar passando fome. ‘Brigadão’!”
    Ele não espera isso! E o uso do “por” ou do “em” faz mesmo toda a diferença.

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