Essa semana a agência cristã de notícias CBN divulgou um vídeo com o ator Denzel Washington em que ele fala sobre a questão das mídias sociais. A discussão não poderia ser mais oportuna visto que o uso das redes sociais desempenha grande influência na forma como enxergo o outro e a mim mesma, e consequentemente o grau de aceitação dos mesmos.
Infelizmente o vídeo está em inglês e sem legendas mas trago para vocês algumas falas, em tradução livre, que são interessantes para nossa reflexão:
“Se você não pensa que é viciado – e estou falando sobre todo mundo de cima pra baixo – se não pensa que é viciado tente ficar offline por uma semana”.
“Trata-se de uma ferramenta portanto nós deveríamos usá-la. Deus nos abençoou com o livre arbítrio, agora, o livre arbítrio está aumentado, livre arbítrio com anabolizantes. Você é livre para ir em qualquer direção que quiser. Não se trata do inimigo, trata-se de um reflexo de nosso próprio livre arbítrio”.
“Costumávamos fazer tudo para sermos apreciados, para termos likes, mas para sermos apreciados pela pessoa à nossa frente. Agora, queremos ter likes de 16 milhões de pessoas desconhecidas.”
Somente aos 24 anos de idade entrei para valer no mundo virtual. Naquela ocasião, comecei a trabalhar numa multinacional e ter uma conta de e-mail era o mínimo que se esperava de um jovem profissional. Ora, eu estava mudando de profissão e no trabalho anterior, como enfermeira, mal chegava perto do computador da unidade. Fato é que hoje, aos 35 anos, eu gosto de redes sociais mas estou em apenas algumas delas. Não dou conta de criar perfil em tudo quanto é rede social nova. Entendo, contudo, que a minha geração – os millennials – é uma geração profundamente dependente da tecnologia e as gerações posteriores intensificaram ainda mais essa característica. Conheço crianças de 3 anos (TRÊS!) que sabem destravar o tablet, abrir o YouTube e achar vídeos da “Baibe” e da “Galinha Pitadinha” (elas mal sabem pronunciar Barbie e Galinha Pintadinha, rs). Enfim, as redes sociais são um fenômeno consolidado, vieram para ficar, e devemos aprender lidar com elas com sabedoria e discernimento.
Tenho muito claro o que irmão Denzel quis dizer sobre a rede social ser uma ferramenta e, como detentores do livre arbítrio, podemos escolher a melhor maneira de usarmos nossas redes sociais. Esse pensamento me traz à tona dois versículos: “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus“. I Coríntios 10:31 – NVI, e “Se alguém fala, faça-o como quem transmite a palavra de Deus. Se alguém serve, faça-o com a força que Deus provê, de forma que em todas as coisas Deus seja glorificado mediante Jesus Cristo, a quem sejam a glória e o poder para todo o sempre.” I Pedro 4:11 – NVI, (grifo da autora).
Quando estamos nas redes sociais, temos consciência de que devemos usá-la para Glória de Deus? Nos lembramos disso ou somos puramente movidos pela quantidade de likes, views e seguidores? Ou usamos para atrair atenção de pessoas seja positiva ou negativamente? Ou ainda, talvez nossa motivação seja ostentar nossos feitos, nossa beleza, nossas viagens…pode ser isso e pode ser algo muito, muito alem disso. O que nós, Cristãos, precisamos entender é que tudo que fazemos deve glorificar o nosso Deus e isso inclui nosso comportamento nas redes sociais.
Assim, diante da velocidade dos dedos em comentar e publicar coisas na internet, me propus a fazer um exercício; justo eu, ávida usuária do Facebook e do Instagram, às vezes tweetando uma bobeirinha ou outra (280 caracteres nem sempre são suficientes), com currículo nas redes profissionais e blogueira. Sim, meu exercício consiste em refletir sobre alguns pontos como:
- Discussão e argumentação (quase) sempre enriquecem um debate e permitem que as pessoas reavaliem suas opiniões e posicionamento. Mas antes de entrar numa determinada discussão, penso na questão: o Facebook é o local certo para discutir tal assunto? Se for, eu sigo em frente. Caso contrário, aborto o comentário e sigo feliz.
- Posso postar tudo que acontece no meu dia? Bem, poder, eu posso. Mas é necessário? Se você quer compartilhar experiências positivas, mensagens encorajadoras, imagens bonitas, está valendo. Mas, se for apenas para ostentar sua roupa de grife e, dessa forma, se sentir superior, deixe pra lá.
- Cuidado com argumentos supostamente cristãos. Já li discussões em que as pessoas que partilhavam de uma mesma opinião baseavam seus argumentos no “amor de Cristo”; logo, todos os que não pensavam da mesma maneira não tinham o amor de Jesus em seus corações.
- Desnecessário falar sobre fotos sensuais, eu nem cogito postar tal tipo de imagem.
- Sobre o humor nas redes sociais: sim, eu sou uma pessoa bem humorada e faço piada nas redes sociais. Mas não levo ao limite a máxima dos comediantes, de que “humor sempre tem um alvo ou uma vítima”. Humor é pra fazer as pessoas rirem, mesmo que elas deem risada de si mesmas, mas nunca para ofender, expor ao ridículo ou envergonhar alguém.
- Não gosto de postar coisas negativas sobre a Igreja. A Igreja de Cristo é composta por gente falha e pecadora como eu e já tem muita gente de olho nos erros da Igreja, prontos para atirarem pedras. A Igreja não é o templo ou a Instituição; o Espírito Santo habita em mim, logo a Igreja de Cristo sou eu e meus irmãos de Fé.
Esse exercício é algo pessoal e não deve ser entendido como uma receitinha de bolo que você deva seguir no seu lidar com as redes sociais. Ore, peça a Deus que direcione e te dê sabedoria em tudo que você fizer, inclusive nas coisas pequenas dessa nossa vida moderna. “Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida.” (Tiago 1:5 NVI).
Fotografia: Flickr
Pingback: No débito ou no crédito?