Outubro é um mês relevante e deve causar em nós algumas reflexões. Além de indicar que mais um ano quase chegou ao fim (faltam só oito semanas para o Natal!), também nos traz à memória um acontecimento importante, a Reforma Protestante. Há quinhentos anos homens foram usados por Deus para clarear e, pode-se dizer, desmistificar a fé cristã. A cegueira espiritual predominava face às dificuldades vividas pelas pessoas que, na maioria dos casos, não podiam por si mesmas descobrir a verdade. O conhecimento era privado de muitos, um privilégio de poucos.
Temos vivido tempos conturbados, o prazo de validade deste mundo parece estar se expirando. A todo instante nos deparamos com notícias ruins, guerra e fome, e o amor de fato se esfriando de quase todos. É como uma “Idade das trevas”, mas em um contexto diferente. O que outrora era controlado pelo clero, hoje parece ser dominado pelas mãos do relativismo, do tanto faz, de conceitos abstratos e “politicamente corretos”. O que antes era falta de conhecimento, hoje é informação demais. É um desafio diário vivermos progressivamente “em reforma”.
Em meio ao caos que se instala a cada dia mais profundamente em nossa sociedade, temos alguns meios de refúgio e dentre eles destaca-se a oração. O ato de falar com Deus e de estar disposto a ouvir o que Ele tem para nos dizer nos transforma a cada dia, nos faz parecer mais com Ele e menos com este mundo tenebroso. E nesse constante amadurecimento somos capacitados a enfrentar os ventos e tempestades dessa vida.
Quando criança eu costumava me perguntar o porquê do “no nome de Jesus, amém”, e hoje agradeço a Deus por ter compreendido tal expressão. Imagino que também os reformadores se sentiram abençoados com a compreensão de tal verdade! Grande bênção é termos livre acesso a Deus, por meio de Cristo. Somente Cristo (Solus Christus) nos dá a oportunidade de nos achegarmos diante do Pai em oração. Não precisamos de sacrifícios ou de preencher qualquer outro requisito. O sangue que Ele derramou na cruz nos dá a “senha” da qual precisamos para estarmos na presença de Deus, o que de fato nós não merecemos, mas nos é dado pela graça (Sola gratia).
Recordo-me das aulas da escola dominical em que aprendi especificamente sobre a oração. Lembro do professor ensinando como ao orar devemos passar por algumas etapas, seguir uma estrutura. Hoje imagino que tenha sido uma maneira pedagógica de dizer que orar não é só pedir ou agradecer. Não quer dizer que toda e qualquer oração precise seguir os tópicos, mas algo ficou bastante nítido para mim: preciso aprender a glorificar a Deus enquanto oro. Não simplesmente contar a Ele como foi o meu dia, agradecer pela vida e tudo o mais, e fazer alguns (muitos) pedidos. Ele é o Criador dos céus e da terra e é digno de todo o louvor. A glória que rendemos a Ele deve ser expressa em nossas vidas, e creio que também em nossas orações (Soli Deo gloria).
Somente a fé (Sola fide) nos leva a orar e a confiar que de fato Ele nos ouve e fala conosco. Para aqueles que ainda não O conhecem pode parecer loucura, mas para nós é uma dádiva experimentada dia-a-dia. Deus graciosamente nos abençoa com a sua presença e com o seu amor e consolo quando, durante um dia corrido e estressante, paramos para conversar com Ele, ou quando não paramos e simplesmente falamos com Ele enquanto desempenhamos nossas tarefas diárias. Como um Deus tão majestoso nos ouve assim, tão sem “formalidades” e cerimônias? Ele é um Deus de amor e quer se relacionar conosco, e é isso que aprendemos em sua Palavra (Sola scriptura).
Peço a Deus que, ao orarmos, Ele nos fortaleça e nos capacite a enfrentarmos os males deste século, a fim de que sejamos sempre reformadores em um mundo que desesperadamente precisa de uma boa reforma, até que Ele venha. “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.” (2 Crônicas 7:14)
Uma benção sua reflexão querida, em meio ao caos a esperança para aqueles que entenderam que Jesus é o único e verdadeiro caminho! Obrigada
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Muito bom! Ao orar, aprendemos a conversar com Deus, honrá-lo e perceber o que ele faz… adorei o link com a Reforma!
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Texto coerente, arejado, e mesmo se tratando de uma temática que borbulhou nas últimas semanas e meses, não caiu em clichê. Continue escrevendo!
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