Há uns dias terminei a leitura do livro de Deuteronômio. O ritmo da minha leitura bíblica anual está um pouco como o povo hebreu caminhando no deserto – parece que estou lendo o Pentateuco há uns 40 anos. Mas a verdade é que alguns trechos me seguram mais tempo e acabo relendo a mesma passagem repetidas vezes e meditando nela por vários dias. Foi esse o caso com o versículo a seguir:
“Nunca mais apareceu em Israel um profeta como Moisés, com quem o Senhor falava face a face” (Dt 34:10 – NTLH).
O capítulo 34 é dedicado à narrativa sobre a morte de Moisés. A intimidade de Moisés com o Senhor é impressionante e me fez pensar numa experiência trivial que estamos vivendo em casa. No mês passado eu e meu marido recebemos Napoleon, um Bichon Frise de 1 mês de idade. Nossos familiares e amigos ficaram empolgados com a novidade e nos perguntavam coisas como “ele faz festa quando vocês chegam em casa?” ou “ele abana o rabinho ao ouvir vocês pronunciando o nome dele?”. Não, ele não faz essas coisas. “Como não? Não dizem que os cachorros são animais dóceis e amigáveis?”. Sim, eles são, mas parem para pensar: somos completamente estranhos para o Napoleon. Ele não sabe que vamos alimentá-lo, vamos brincar com ele, lhe dar uma caminha (na qual ele não dorme, diga-se de passagem), levá-lo para passear, etc. Em resumo, ele não sabe quem somos e o que vamos fazer com ele. Por isso, entendemos desde o começo que nossa relação com Napoleon exigiria dedicação e tempo para que primeiro nos conhecêssemos e depois nos tornássemos íntimos. Assim, temos nossos momentos diários de brincar de bolinha, pegar no colo, fazer carinho e ensiná-lo onde fica a comida, a água, o banheiro e a caminha. Sim, a caminha – somos persistentes. Isso toma um tempo considerável do nosso dia e nem sempre estamos com vontade mas sabemos que é importante e devemos fazê-lo.
A Bíblia diz que Deus nos conhece desde o ventre de nossa mãe (Jeremias 1:5) e isso não é uma surpresa afinal Ele é o Criador de todas as coisas. Contudo, o fato dEle nos conhecer não significa que temos intimidade com Ele. Se queremos realmente conhecê-lo intimamente, devemos nos dedicar com persistência. Essa prática não pode ser apenas aos domingos, quando participamos do culto, mas deve ser diária com oração, leitura e meditação na Bíblia.
Coloque seu momento com Deus no topo de prioridades das atividades diárias. Sendo uma pessoa noturna, eu sei que estarei com minha concentração e foco bem aguçados quando o dia acabar e esse momento é propício para leitura e oração. Além disso, já deixo papel e caneta próximos à minha Bíblia pois sou dessas pessoas que gosta de tomar notas. Essas são estratégias que aprendi ao longo do tempo e que podem te ajudar a achar o melhor momento do seu dia para buscar o Senhor e dedicar algum tempo a Ele. Que tal criar um caderninho com seus motivos de oração ou tomar notas sobre o texto bíblico que você leu com os aspectos que mais te chamaram atenção?
Por fim, não pense que a intimidade com Deus virá de um dia para outro, de forma automática. Conhecer o Senhor e tornar-se íntima dEle requer tempo e dedicação e um desejo incessante de conhecê-lo (Oséias 6:3a). Moisés passou a vida cultivando um relacionamento com o Senhor. Passados quase trinta anos de vida cristã, Deus tem gradualmente se revelado a mim e hoje o conheço mais do que quando o encontrei pela primeira vez. Ainda assim, sigo curiosa em conhecê-lo mais, dia após dia, até o dia glorioso em que estarei com Ele no céu. Quanto ao Napoleon, seguimos insistindo para que durma na caminha.
Fotografia: Pixabay
Amei o paralelismo entre a situação do Napoleon e a nossa necessidade premente de buscarmos intimidade com o Senhor! Valeu por nos lembrar dessa importante tarefa em nossa vida cristã.
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