Se você perguntar de minha mãe como me comportava quando era pequena, é bem provável que ela lhe dirá que eu fazia parte do grupo das “matraquinhas” e “sapequinhas”. Gostava de aprontar tanto quanto falar (acho que até hoje amo papear). E essas presepadas me rendiam bons sermões e disciplinas, e eu, como boa filha mais velha, imediatamente revidava: Estou de mal de você, mamãe! Não vou falar com a senhora nunca mais! Meu silêncio durava no máximo 5 minutos, pois logo esquecia das chateações e corria para brincar, ou contar mais histórias sobre meu dia para minha mãe.
Durante a adolescência, notei que seguia a mesma linha de diálogo com Deus. Por vezes ficava chateada com situações da vida e me calava. Sentava-me de costas para Ele, na esquina da minha alma, numa tentativa de manipulação que muitas vezes nosso silêncio carrega. Estava de mal com Deus até que Ele atendesse meus pedidos e demandas. Acontece que Deus não trabalha dessa maneira, não é mesmo?
Diferente de minhas ações, penso que o design de Deus para a comunicação entre Ele e sua criação tenha sido perfeitamente representada no jardim do Éden, onde todos os dias Adão e Eva tinham um encontro ao cair da tarde com Aquele que já os amava antes da fundação do mundo. Gosto de imaginar a cena, na qual o casal indagava sobre a criação, experimentava as frutas e vegetais dados pelo Criador e apreciavam a companhia d’Ele. E entre cada pergunta e resposta, Deus se deleitava na total segurança e confiança que eles tinham nEle.
Logo após a queda, Adão e Eva se descobriram nus e com vergonha se esconderam. E o fizeram de várias maneiras, costurando roupas de folhas de figos, encolhendo-se dentro de seus ciclos de medo, perda e solidão. Por fim, silenciaram quando Deus os chamou para o habitual caminhar da tarde.
Acredito que a conversa iniciada por Deus em seguida tenha sido num tom de extrema tristeza. A desobediência teve graves consequências, dentre elas a quebra de um diálogo livre e harmonioso que houvera com o Pai até ali. E a partir daquele momento, a história da redenção divina se iniciou. A busca constante de reparar o eco ensurdecedor do silêncio.
Em meio à perda de tudo que até agora tinham conhecido, Adão e Eva ainda foram cuidados por Deus, que os vendo nus, fez roupas próprias para usarem. Deus entendia a vergonha e o estado em que estavam, quebrados, angustiados, tentando entender a dimensão das consequências de suas escolhas. Mesmo assim, Deus os amou e foi até eles, encontrando-os onde estavam.
A incessante busca de Deus por nós nos é contada diversas vezes na Bíblia. Uma das minhas histórias favoritas é da mulher do poço de Samaria (João 4:5-43). Jesus pede água a uma mulher que nunca tinha visto antes e nessa conversa, ela se desfaz das muralhas que antes cercavam seu coração e conta ao salvador sua vida. E Jesus, usando elementos do dia-a-dia dela, explica que Ele é a água viva, capaz de saciar tudo aquilo que foi perdido no Éden e reestabelecer a comunicação e comunhão plena.
Assim, a quebra do silêncio e restauração do diálogo culminou na cruz, onde Jesus nos deu livre acesso a Deus, numa espécie de linha direta e aberta, onde há espaço para conversamos tête-à-tête com Jesus, nos despindo de nossas muralhas, de nossas dores, do orgulho e tudo aquilo que nos aflige. Podemos chegar confiadamente ao trono da graça e até mesmo fazer exigências e demandas, brigar e gritar, como crianças que muitas vezes somos. Quando a birra passa, corremos para o Pai, e ali, no seu abraço seguro, Ele pacientemente costura nossas roupas, nos ensina a dialogar de forma madura e nos mostra o Seu caráter, à medida que também constrói o nosso.
Aos poucos a padronização do meu diálogo com Deus foi sendo quebrada. Ele me ensina que é okay ficar triste (até mesmo chateada) com situações da vida, mas que o silêncio não resolverá. Então como boa matraquinha, desato a falar e me derramo para Ele, entendendo que a reação primária de querer me esconder dentro de mim já foi vencida na cruz e hoje há acesso ilimitado Àquele que me espera não só no fim da tarde, mas em qualquer momento do dia para sentar e conversar.
Fonte: instagram.com
Lindo… Me lembra uma música do Paulo Baruk (Jardim da Inocência) onde ele imagina qual teria sido o sentimento de Adão quando “bateu a real” do que ele tinha de fato perdido… muito mal que o Jardim, vida e saúde, ele havia perdido aquela amizade, as conversas com Deus…
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Que música linda! Graças a Deus pela sua redenção!
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Que lindo. Maravilhosa sua forma de colocar a bondade Deus.
Uma inspiração pra mim.
Amo!!!
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Lindo texto! É muito emocionante pra mim que te conhecí tão pequenina perceber no texto tua maturidade não só cronológica como emocional. É muito bom perceber esse cuidado de Deus e o prazer em ter comunhão conosco.
Deus continue se revelando a ti e te inspirando pra abençoar a muitos.
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Tia! Sou muitíssimo grata a Deus por ter você na minha caminhada e em vários momentos da vida. Especialmente de ter como madrinha ❤ Obrigada por tudo sempre!
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Que texto lindo Heyde !
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Lua, sua linda! Obrigada por sempre estar acompanhando aqui! Deus te abençoe muito!
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Que texto cheio de amor por Deus 💕
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Deus é lindo, não é mesmo? Saudades, Cinthya!
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Lindo mesmo.
Hoje temos livre acesso; NÃO só ao entardecer/ masssssss a qualquer momento do dia.
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Texto muito bonito e muito bem escrito! Gostei de ler! Voltarei mais vezes!
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Obrigada, querida! Muito bom tê-la por aqui. Entre, puxe uma cadeira e fique à vontade! Beijos!
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Um texto não nasce espontâneo. Ele é a codificação dos pensamentos e emoções do autor, a expressão da sua mente e alma. Texto teologicamente profundo mas com uma leveza didática, pedagógica, palatável. Emocionei-me. Do sogritcho para a noritcha.
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Sogro, você é a extensão do amor de Deus na minha vida. Obrigada por tudo!
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Emocionante a forma como você escreve, você transforma sentimentos em palavras! A cada palavra é possivel sentir o amor e respeito que tem pelo Criador. Aprendo muito com os seus textos!!! Parabéns!
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Querida Silvia, Obrigada por ter vindo aqui, sentar e ler nossos textos. Espero que acima de tudo, você tenha se sentido amada, querida e abraçada por Deus neste dia. Grande beijo!
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Heyde,fiquei muito feliz ao ler seu texto .
Tivemos através do Instituto gamaliel uma pequena participação na sua história de vida .
Agradeço a Deus por sua vida e me alegro Nele por saber que vc está bem .
Visitei lynchyburg e visitei a Liberty .
Amei tudo aí e gostaria muito de passar um tempo aí aprendendo o inglês e trabalhando como voluntária na escola .
Dê um grande abraço no Athos .
Diga que meu sonho de passar um tempo aí ainda está de pé e oro por isso .
Será muito bom te ver novamente !!
Tia monica do instituto gamaliel 🌹🌹😍😍❤️❤️
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Tia! Com certeza tiveram muita influência na minha história! Vamos nos encontrar quando você vier aqui novamente! Grande beijo
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Muito legal…sempre que posso leio…e gosto muito. Parabéns 😚⚘
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Lizzy! Obrigada, flor! Vamos combinar de fazer um post sobre organização? =)
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Texto inspirador! Salvei pra eu ler mais vezes quando no dia a dia bater aquela “rebeldia” . As vezes eu me sinto perdida nesses fins de tarde, msm sabendo q Ele ta aqui comigo pra me ouvir a qualquer momento!!! – obrigada Heyde pelo belíssimo texto!!!
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Que bom que a Agenda d’Ele está sempre aberta pra gente, né Heyde!
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