Enquanto espero

Nos últimos meses, tenho passado muito tempo em salas de espera. No começo levava um livro, olhava o celular ou outra coisa que ajudasse a passar o tempo. Mas, nas últimas vezes tenho desenvolvido o hábito de observar as pessoas a minha volta e pensar no que as levou aquele lugar, suas lutas, suas dores. Fico imaginando suas histórias, às vezes até conversamos.

Minhas visitas às salas de espera dos consultórios começaram em maio. Depois de sofrer com dores severas, finalmente, depois de muita espera nas recepções de clínicas, tive meu diagnostico: Lúpus. Foi uma confusão de sentimentos, o alívio em saber o que era e a angústia de não saber o que viria pela frente. Confesso que me abati e questionei a Deus. Por quê? Como vai ser daqui para frente? E os porquês sempre voltavam.

O medo do futuro, agora um pouco mais incerto, me assombrava. Foram dias nublados em que me sentia só. Falava com Deus e Ele parecia não ouvir. Eu não tinha nenhuma resposta, só o silêncio. E minha mente ia longe imaginando mil e uma situações que poderiam acontecer e o que eu faria e como faria para solucioná-las. Ah, essa cabecinha! Foi longe, em um futuro que talvez nem aconteça. Lá estava eu pouco a pouco me perdendo na sala de espera em que Deus me colocara. Inquieta e sem saber o que fazer enquanto tinha que aguardar.

Até que certa noite, enquanto as dores e o medo me levavam às lágrimas, meu marido cheio de amor e sabedoria me disse: “Meu bem, se é isso que Deus tem para nossas vidas, vamos descobrir como glorificá-Lo em tudo isso. ” Aquelas palavras nunca mais saíram do minha cabeça e Deus tem trazido a minha mente:

“Espera pelo Senhor, tem bom ânimo, e fortifique-se teu coração; espera, pois, pelo Senhor. ” Salmo 27:14

E  o Salmo 31:24 “ Sede fortes e revigore-se o vosso coração, vós que esperais no Senhor. ”

Não vou dizer que, depois disso, tudo mudou e nunca mais tive medo do futuro, que as crises de dores não me afligem a alma. A caminhada não é tão simples assim, mas Deus tem me ajudado a olhar além da minha dor. E olha! Quando passamos a ver além de nós, começamos a perceber que muitas vezes, na verdade, na maioria delas, as pessoas que estão nas cadeiras ao lado nas salas de espera têm aflições iguais as nossas, se não piores.

Enquanto esperava, o Senhor me ensinou uma lição que cantei durante anos:

“Esta vida é como um mar de muitas ondas,

Cada coração enfrenta-as, eu sei;

Tantas vezes o porquê a mim perturba,

Mas não preciso entender o porquê.

Não preciso entender,

Só preciso nEle crer;

Não preciso perguntar o porquê.

Sei que Ele guiará,

Seja aonde for que eu vá;

Não preciso mais saber o porquê. ” (Cânticos Missionários – MNTB)

Ainda vou visitar muitas salas de espera e, na verdade, isso será regularmente. Peço a Deus para que, em cada vez que eu estiver, não só na recepção de uma clínica, mas nas salas de espera da vida, Ele me ajude a olhar além de mim, a lembrar que o futuro para Ele não é incerto, e que mesmo no silêncio da espera Ele não está ausente.

Minha oração hoje é que o Senhor me ajude a esperar nEle, nos seus desígnios, mesmo que os porquês não tenham respostas agora, que Ele continue a me ensinar e que eu O glorifique enquanto espero.

Fotografia: Pixabay

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