“Contudo, alegrem-se, não porque os espíritos se submetem a vocês, mas porque seus nomes estão escritos nos céus”. Lucas 10:20
Este é meu primeiro texto para o Karíssimas e acho que o momento é oportuno para que eu lhes conte um pouco a meu respeito. Meu nome é Cíntia Ferreira Rojo, nasci e cresci em São Paulo com uma breve temporada no Canadá (onde descobri que não gosto de frio). Tenho 35 anos e sou recém casada. Tornei-me cristã aos sete anos de idade numa Escola Bíblica Dominical, onde fui a convite de uma vizinha. Após doze anos como executiva de Auditoria decidi dar um tempo na vida corporativa e agora vivo um ocupado e produtivo (e criativo? oremos! rs) período sabático.
Aos 21 anos descobri que tenho esclerose múltipla, uma doença neurológica crônica, progressiva, e que ainda não tem cura. Coincidentemente, descobri a doença quando me preparava para uma viagem missionária. Recém-formada, com toda a vida pela frente, ávida por vencer um monte de desafios, um mundo inteiro para viajar… e aquela notícia caiu como uma bomba!
Quase que automaticamente, aquela situação toda me levou a questionar Deus e os questionamentos que começaram como lamentos foram gradativamente se transformando em cobrança por explicações e respostas. Por que eu? Por que esclerose? Por que agora? Por que isso e por que aquilo? Sem que eu percebesse, essa busca por respostas foi minando minha alegria. De dia, eu ria e fazia as pessoas rirem mas quando ia dormir a noite, o cinzentismo e a aridez voltavam para fazer companhia aos meus pensamentos. Era como se eu me debatesse na água e afundasse cada vez mais. Estava cada dia mais cansada e menos alegre.
Um dia, então, conheci uma pessoa que lutava uma batalha semelhante à minha. Pensei que aquela era minha chance de ganhar uma aliada para reforçar meu coro de questionamentos a Deus. Nós estávamos em Atibaia, sentadas de frente para um lago lindo, observando um pôr do sol caprichado e eu nunca vou esquecer o choque que senti quando essa pessoa disse: “Deus não me deve nada. Deus é Deus, Ele faz o que Ele quiser e ponto final”. Como assim? Simples desse jeito? Foi um choque mas também foi libertador porque naquele momento enxerguei todas as peças de um quebra-cabeça se juntando e formando um cenário que eu jamais tinha visto antes. Aquela pessoa é uma das pessoas mais alegres que eu conheço. Ela não tinha bens materiais, sofria com problemas de saúde e vivia uma vida com bastante dificuldades mas estava sempre alegre e grata e naquele momento entendi que sua alegria não dependia do que ela tinha ou do que fazia. Sua alegria estava fundamentada na certeza de ter seu nome escrito no Livro da Vida!
Na passagem em destaque, o Ministério de Jesus prosperava e Ele enviou 72 discípulos que iam, em duplas, para cidades e lugares aonde o próprio Jesus estava prestes a ir. No verso 17, lemos que ao retornarem eles estavam alegres por que tinham feito coisas grandiosas. Os espíritos se submetiam a eles quando falavam em Nome de Jesus. Mas é interessante notar a resposta de Jesus no versículo 20: alegrem-se não por esses feitos “mas porque seus nomes estão escritos nos céus”.
A alegria que temos hoje sobre o que somos, temos ou fazemos é um conjunto de migalhas, fundamentadas em situações e condições passageiras, e nós devemos mesmo é nos alegrar pela maravilhosa realidade de que somos cidadãs do céu e habitaremos onde as ruas serão de ouro (!), os portões serão pérolas (!!) e, principalmente, estaremos para sempre com o próprio Jesus (!!!).
Fotografia: Ezra Jeffrey on Unsplash