Às vezes é preciso

Quase todo mundo conhece o ditado popular: Dou um boi para não entrar numa brigamas dou uma boiada para não sairA tendência nossa de seres humanos, perante algum conflito, é defendermos nosso ponto de vista à qualquer custo. As redes sociais são bons exemplos disto. Pessoas defendem suas visões de política, religião, educação e até mesmo modo de vestir. Acho até engraçado, porque parece que pegam uma lupa e começam a pesquisar alguma coisinha nas entrelinhas para brigar com alguém. São os caçadores de conflitos! Já percebi, por exemplo, que algumas pessoas, as quais nem lembrava ter no Facebook, resolvem aparecer apenas quando algum assunto tá “pegando fogo”, tá polêmico, tá textão! Desde sempre o ser humano está em conflito, seja com ele, ou seja com o próximo. Mas, e quando a pessoa dá uma boiada inteira para não entrar em uma briga?

Existe um filme com o ator Jim Carrey chamado “Eu, Eu mesmo e Irene“. Seu personagem é um policial chamado Charles, que, por ser pacífico, faz de tudo para não entrar em conflito. Todavia, com anos e anos sendo extremamente calmo, um outro Charles foi sendo alimentado com um ódio interno, até que explode e aparece. Pode ser apenas um filme, mas creio que isto possa acontecer conosco. Talvez no modo cômico do cinema, mas de uma forma devastadora, seja para nós seja para as pessoas que certamente serão atingidas.

Nessa ânsia de querermos parecer bonzinhos, além de alimentarmos a soberba de sermos mais espirituais, abraçamos ideias, atitudes, e condutas que em nada glorificam à Deus. A Bíblia nos mostra como o Senhor trabalha no ser humano através e durante os conflitos. Por toda a história do cristianismo, Deus tem levantado homens e mulheres que entram em conflitos com os ensinamentos e atitudes vigentes na sociedade. Ser cristão é estar constantemente contrário a vários princípios difundidos por aí.

Durante muitos anos fui uma pessoa que evitava ao máximo entrar em conflito com alguém. Fazia de tudo para ser uma pessoa pacífica ao ponto de não conseguir falar “não” e esconder a minha frustração perante algo. Na minha mente parecia errado causar algum mal-estar, pensando não ser esta uma atitude cristã. Evitava entrar em discordâncias, mas por dentro estava em um conflito interno sério, borbulhando e pensando nos argumento e razões que tinha para discordar. Sentia um desgaste terrível. Lembro das várias vezes que estava correta sobre algo, porém, ficava calada. Achava que era o certo. Já estive até em amizades que eram por puro interesse, já que a pessoa sabia que dificilmente eu falaria ‘não’ para algum pedido de favor.

Não estou dizendo para você rivalizar com tudo e com todos. Porém, conflitar é preciso! Entretanto, o que vai diferenciar são os motivos e a conduta. Às vezes arrumamos desavenças por questões tão tolas, tão sem propósitos e crescimento. Escolhemos batalhas já perdidas, desgastes em vão.

Uma amiga veio me pedir conselho sobre o que fazer com uma situação dentro de sua casa da qual não poderia ficar omissa. A situação é tão complicada, tão delicada que meu conselho foi apenas dobrar os joelhos e clamar ao senhor muita sabedoria. Clamar ao Senhor é a melhor opção antes de entrar em qualquer desavença. Estranho pensarmos assim, mas dependemos de Deus até nas nossas discussões.

Quase 100% dos nossos conflitos são tolices momentâneas. Mas ignorar todos é uma tolice ainda maior. Cristo ponderava muito bem cada palavra. Assim como muitas vezes se calava dando evasão para o outro refletir melhor. Não ficava omisso, mas também não perdia tempo com discussões vãs. Que Deus nos dê sabedoria, para saber até que ponto vale a pena persistir com o nosso ponto de vista, e qual o limite que devemos ter.

Fotografia: zwallpapers.net

 

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2 comentários sobre “Às vezes é preciso

  1. Excelente texto. Já fui muito assim de achar que o não poderia magoar ou ferir alguém e longe de mim causar tal sofrimento. Em Cristo aprendi a estabelecer prioridades para o sim e o não. Que libertação, não sem dor, mas muito necessária. Obrigada por tão sinceras palavras. Como é difícil nos desnudarmos e enfrentarmos a mudança. Abraços.

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