Nada como o passar do tempo, como a vivência de incontáveis experiências com o passar dos anos. Confesso que eu tinha um estopim muito curto. Sempre fui muito coração e pouca razão. Ao deparar-me com uma injustiça, logo tomava partido e “botava pra quebrar”.
Antes de conhecer a longanimidade e a moderação, que “em tudo é boa”, era tudo oito ou oitenta! Como aquela Mônica era impulsiva, impaciente, bocuda e barulhenta.
Certa feita, descobri-me envolvida num enorme atrito familiar. Cada uma das partes, inclusive eu, vivia numa cidade diferente. Uma delas me telefonava, e despejava quilos e mais quilos de lamúrias, indignações e acusações contra outra pessoa. Meu sangue fervia ante tudo que eu escutava, passava dias remoendo aquilo, ficava com crise de enxaqueca, e acabava descontando meu mau humor no marido e nas filhas.
Então eu recebia uma ligação da outra parte. Mais uma vez vinham reclamações e acusações, agora contra aquela pessoa que me ligara antes, e os argumentos apresentados acabavam me fazendo repensar as conclusões tomadas anteriormente, deixavam-me extremamente confusa e em dúvida de quem, de fato, estaria com a razão.
Esse suplício se prolongou por um bom tempo, creio que um ano. Meu marido me alertou para o fato de que aquelas duas pessoas me puseram no meio de uma guerra sem fim pois, aparentemente, ambas se achavam donas da razão, não ouviam meus conselhos, ignoravam minhas sugestões e começaram a tecer uma teia que me emaranhou a ponto de roubar a minha paz. Foi aí que a bomba explodiu.
Recebo, eu, mais um daqueles telefonemas e, em determinada altura, ante uma acusação absurda sobre mim, perdi o controle, gritei além da capacidade da minha garganta aguentar, berrei e berrei, como se tivesse no meio de um surto. Vai ver eu estava mesmo.
Meu marido fechou a porta do cômodo onde eu estava, minhas filhas não entenderam o que estava acontecendo, os vizinhos certamente ouviram aquela gritaria toda e, então, foi naquele dia que resolvi dar um basta.
Há ocasiões em que nosso envolvimento numa causa é propício. Deparei-me com poucas delas até hoje. Em geral, as pessoas procuram você, abrem os corações, desabafam, buscam conselho, mas quando você os oferece, elas não escutam. Não escutam mesmo. Elas já têm uma opinião formada, não estão dispostas a mudar, não querem uma solução de verdade. É como se quisessem apenas um interlocutor que as ouça, que concorde com elas, que diga o que elas querem ouvir, que assevere “coitadinha de você… tão injustiçada…”, mas que nunca, jamais querem ou aceitam que você aponte um erro, sugira uma mudança de tática ou de atitude, afinal elas são perfeitas e estão certas sempre. O mundo, ah mundo cruel, é que está errado e fazendo aquela pobre criatura sofrer tanto.
Pois é… foi por isso que eu disse que nada se compara com o passar do tempo. Somente depois de “passar um dobrado” foi que eu entendi isso. Hoje em dia eu gasto meu tempo, empresto meu ouvido e meus ombros pra quem de fato quer ser ajudado, consolado, pra quem quer mudar quando está errado, e quer saber o que Deus quer para a sua vida.
Se alguém vier atrás de mim com intenção diferente dessa, vou pegar meu colar de pérolas e guardar bem escondido numa caixinha, afinal ele de nada serviria para um porquinho.
Fotografia: Pixabay
Lembro-me perfeitamente de seus conselhos,e de fato fizeram a diferença porque coloquei em prática,louvo mesmo a Deus por ter tido o privilégio de ter lhe conhecido.
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O outro! Ah, o outro e suas idiossincrasias rsrs Estas pessoas que, na verdade, não querem solução, mas apenas nossa energia psíquica são os chamados vampiros espirituais. E destes há aos montes! Muito bom o texto, Mônica!
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É isso mesmo!!
Verdade absoluta!
Aprendi na década de 80 com meu pastor e mentor Rudi Kruger.
Um dia, ele cansou de ser apenas um “par de orelhas ” nas quais eu sempre despejava meus queixumes sobre meus traumas do passado triste e tentava justificar minha falta de motivação para aceitar suas sugestões em direção a attitudes de mudança. Então Um dia, ele me disse muito sério:
“Você não pode mudar o seu passado triste mas pode mudar o seu futuro. Ele começa aqui e agora. Tenho todo o tempo do mundo para te ajudar se você quiser me ouvir e seguir minha orientação; mas não tenho sequer um minuto para perder com alguém que não quer mudar e reescrever sua História. A escolha é sua”.
Fiquei muito zangada com ele no momento mas depois de pensar muito, entendi que ele estava certo e mudei minha attitude. Minha vida foi mudando aos poucos enquanto meu passado ia ficando para trás.
Hoje, sou Conselheira Familiar e uso tudo o que aprendi com esse sábio critão e o sucesso é certo para quem quer deixar a autopiedade de lado em busca de um futuro pleno de possibilidades.
Funciona!
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