Lá estava ele, meu filho de seis anos dando passos tímidos e cheios de temor para um recomeço em sua vida. Mal sabe ele que muitos começos e recomeços ainda estão por vir. Era o início do seu segundo ano letivo, a mesma escola, mas as mudanças de turno, os novos rostos, a nova professora, eram mudanças suficientes para abalar sua confiança naquilo que antes era conhecido.
“Acho que não quero ficar aqui, vamos embora, pai! ” Disse ele com os olhinhos marejados tentando encontrar no pai uma deixa para sair o quanto antes de tudo aquilo que o assustava. Para ele aquilo era um desafio. Recomeçar, fazendo novas amizades, aprendendo coisas novas, dando passos rumo ao desconhecido, fora do seu universo que antes lhe era familiar.
Em contrapartida, lá estava o pai, pronto para segurar suas mãos e atravessar o pátio cheio de rostinhos assustados e alguns até aos prantos, o que deixava a situação ainda mais assustadora. Mas aquele apertar de mãos trouxe segurança, transmitindo que ficaria tudo bem, que ele não estaria só em sua nova jornada e que mudanças são necessárias e boas.
Quantas vezes não nos encontramos assim, com os pés vacilantes diante das mudanças que abalam nosso mundo, ou diante de novos caminhos, novas jornadas onde o desconhecido nos enche de insegurança e nos faz pensar em desistir antes mesmo de começar? Quando pensamos em abraçar um novo projeto, em tirar nossos sonhos do papel, às vezes as pernas ficam bambas e podemos até sentir borboletas no estômago. O novo, às vezes, é difícil, mas os recomeços, esses nos assustam!
Em meio aos tombos que levamos no decorrer da caminhada, as frustrações trazem consigo o medo. Diferente de uma criança que quando está aprendendo a andar, mesmo depois de várias quedas simplesmente se levanta e recomeça suas tentativas; nós, depois de algumas quedas, tememos dar o próximo passo.
Em algum momento de nossas vidas adquirimos o medo de nos machucarmos, de sermos feridas pelos outros, pelas circunstâncias, de falharmos. As experiências negativas muitas vezes fazem isso, nos fazem duvidar da presença do Pai. As promessas falsas, as expectativas equivocadas, acabam por criar em nós pensamentos errados a nosso respeito, a respeito dos outros e, o pior, a respeito do Pai.
Podemos ver isso nos nossos relacionamentos. Criar laços vai ficando cada vez mais difícil à medida que passamos por frustrações e recomeçar/retomar os relacionamentos abalados e/ou quebrados nos assusta simplesmente porque deixamos de confiar naquele que transforma, que quebranta corações, que perdoa e dá mais uma chance. Quando nos encontrarmos mais uma vez atravessando um dos pátios da vida, assustadas com aquilo que mudou, com medo de recomeçar, devemos “trazer à memória o que nos pode dar esperança” (Lm 3:21) e confiar em nosso gracioso Deus que é a nossa esperança (Sl 39:7, 62:6).
Os recomeços trazem insegurança e um monte de dúvidas: “será que devo confiar? Será que vai dar certo? Será que vai acontecer novamente? ” São tantos os “será que? ” E eles nos fazem titubear. Mas, mudanças são necessárias, novos caminhos e oportunidades vão surgir em nossas vidas e precisamos confiar que nosso Pai Celeste estará conosco em cada passo que dermos, seja rumo ao novo ou em mais um recomeço.
“ E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos. ” (Mt28:20)
Eis uma promessa graciosa! Ele sempre estará conosco, não só nos observando, mas pronto para segurar nossas mãos como um pai amoroso que nos conduz em nossas jornadas, nos acalmando e nos assegurando que, apesar dos tombos e percalços pelo caminho, Ele nos dará criatividade para resolver o que está em nossas mãos e maturidade para reconhecer o que só Ele pode fazer.
Então vamos segurar em Suas mãos para continuar, porque muitos começos e recomeços estão por vir.
Fotografia: Unsplash
Que delícia é sentir a mão do Pai segurando a minha… pq será que insisto em solta-la?.. lindo texto Bete. Obrigada
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Maravilhoso nosso Pai né?
Obrigada querida!
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